Edição N. 33 - 20/02/2022
Orquestra

Realização FORA DE SÉRIE percursos culturais.

Edição Geral: Tuty Osório

Textos: Antônio Carlos Queiroz, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Miguel Boaventura, Sarah Coelho, Tuty Osório,  Jô de Paula, Sérgio Pires, Francisco Bento, Renato Lui, Marta Viana, Alim Amina, Lia Raposo, Yvonne Miller, Elimar Pinheiro,

Fotografia: Celso Oliveira, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Fernando Carvalho

Edição de Fotografia: Manuela Marques 

Projeto Gráfico e Diagramação: Manuela Marques com consultoria de Fernando Brito.

Ilustrações e Quadrinhos: Manuela Marques, Mário Sanders, Alice Bittencourt.

Revisão: Camilla Osório de Castro.

Mídias sociais: Beatriz Lustosa.

Desenvolvimento de Site: Raphael Mirai.

Música: Maurício Venâncio Pires, Alex Silva, Caio Magalhães, Manuela Marques

Vídeos: Deborah Coelho

 
ALVORADA

ALMAS NO MERCADO

O supermercado fica ao lado de casa e não é pequeno, nem grande. Como frequento, todos me conhecem, em especial os funcionários dos caixas. São pessoas espontaneamente gentis, umas mais que outras. A moça de sexta é das mais efusivas, corresponde ao meu TUDO BEM com sonoridade, sabe quem são as minhas filhas, da morte de meu pai, das flores preferidas de minha mãe. Desenvolve conversa como se numa barraquinha de feira estivesse. E concilia essa versão comadre com a atenção à fila que ameaça formar-se atrás de mim. São momentos que poderiam passar desapercebidos. Mas fazem toda a diferença. A outra moça, esta do pequeno mercadinho, atende pelo whatsapp porém envia mensagens com sóis sorridentes e desejos de feliz semana. Essa parte da vida não é nadinha complexa. Simples, singela, até, lembra-nos que definitivamente, não somos robôs, aplicativos, processos, engajamentos. Como se diz hoje, somos CORPOS com história, respiração e força.

 

Começa agora mais um Domingo à NOITE em 2022!

RODA DE CONVERSA

Este espaço é para publicar os sentimentos e comentários dos leitores, colaboradores, apoiadores, de todos os cantos e a qualquer momento. Transformando essa conversa de domingo numa ampla roda de afetos, palpites e bordões. Mandem pra cá por email, pro whatsapp ou pro Instagram, como preferirem. Valeu!!!

 

“Os domingos terminam mais leves agora. Poesia nas palavras, mesmo as que não estão em poemas, música, que gosto muito, muito belas estas noites.”

Luíza, Fortaleza

 

“Quando vai findando o domingo já ficamos à espera.”

Eduardo e Clarissa, Brasília

 

“Domingo bom demais. Mesmo quando leio na segunda, terça, quarta…Textos leves, poéticos, muitas ideias pra gente pensar.”

Laura, Fortaleza

 

“Obrigada pelo Domingo à NOITE. Salvou a melancolia desses finais de tarde…”

Rosa, Fortaleza

O BEM VIVER

COMO É MESMO?

por Camilla Osório de Castro

foto: Celso Oliveira

O Novo Ensino Médio inicia a sua implementação em todo o país agora em 2022. A reforma foi proposta ainda no governo Michel Temer e provocou protestos por parte de alunos e professores, mas depois de um tempo deixou de figurar nos noticiários e foi sumindo da pauta do debate público.

 

Devo confessar aos leitores que eu não me lembrava direito dos detalhes. Quando comecei a ver os anúncios da implementação me peguei pensando “como era mesmo essa reforma?”

 

Conversando com alguns amigos percebi que a minha dúvida era também a de muita gente. Após uma pesquisa encontrei alguns especialistas comentando o mesmo fato. De acordo com o professor Fernando Cássio, da Universidade do ABC, “A reforma do Ensino Médio foi a menos explorada, menos discutida de todas as reformas aprovadas no país, como a trabalhista, por exemplo.”

 

O resultado deste debate público insuficiente são escolas assoberbadas, estudantes inseguros e a população em geral com dificuldades de formar uma opinião acerca do tema.

 

Os críticos da reforma afirmam que “seu objetivo não é buscar a melhoria e o fortalecimento da universalidade da escola pública, elevar a qualidade do ensino para os alunos mais pobres, que mais precisam de investimentos.

 

Ao contrário, oferece um ensino anda mais precarizado. Uma perversidade”, como coloca o professor Fernando. Segundo esta linha de interpretação o verdadeiro objetivo da reforma é gerar uma nova geração ainda mais alienada, pela falta das disciplinas de humanas no currículo, e, portanto, com menos capacidade de organização política.

 

Deste modo, a retirada de direitos promovida pelas outras reformas, trabalhista e da previdência, seriam aceitas sem questionamentos.

 

Já os defensores afirmam que o novo ensino médio daria mais liberdade de escolha aos estudantes e mais dinamismo ao ensino, quando oferece as disciplinas por áreas do conhecimento com interdisciplinaridade e aproximando os conteúdos da realidade que será encontrada pelos estudantes no mercado de trabalho.

 

Afirmam, ainda, que estas medidas podem ajudar a diminuir a evasão escolar e aumentar o rendimento dos estudantes.

 

Analisando ambos os discursos, fica claro que não são compatíveis.

 

Um dos dois lados está omitindo informações ao fornecer sua análise.

 

Apenas um debate sério e amplo, envolvendo todos os setores da sociedade, poderia tornar compreensível o que de fato está em jogo.

 

É importante questionar: a quem interessa que uma reforma tão importante e que terá um impacto tão definidor no futuro de nossas crianças e jovens e, portanto, de todo o país, não seja suficientemente debatida?

 

Escrevo este texto em atraso. A implementação já está em curso e vamos aprender na prática de que modo estas mudanças de fato afetam a educação brasileira.

 

Abrir o debate aos jovens, ouvi-los e retornar aos congressistas com suas demandas pode ser um pequeno passo em nosso caminho.

 

Sigamos vigilantes.

 

* Camilla Osório de Castro é cineasta e produtora cultural.  Pesquisa o Bem Viver. Mora no mundo, entre cidades. Acredita que sonho que se sonha junto é realidade.

AS TAIS DAS FOTOS
CONTO

ARTISTA DE CINEMA

por Tuty Osório

– Mãe, se eu prometer deixar tudo limpo, posso fazer panquecas?

-Pode fazer tudo o que quiser. Mas essa parte de deixar tudo limpo, sinceramente, é massa se você cumprir…

-Eu cumpro, mãe. Você também quer? Panquecas?

-Agora não, filha. Tem uma batata vinagrete que sobrou, vou misturar com alface e ajeitar uma salada. Mas faz pra mim e guarda que gosto de esquentar no café da manhã.

-Mãe, você assiste um filme comigo enquanto a gente janta? É da década de 80, quer dizer, foi feito em 2015, mas é passado nos anos 80. Você era adolescente, né?

-Assisto, sim! Que boa ideia e que sorte a minha! Em plena sexta você me chama pra ver filme na Netflix e ainda é da minha época!

-Você mesma diz que não existe essa história de minha época, mãe! Que todas as épocas são nossas e que…

-Não começa menina! Achei bacana ser da década de 80. Como chama?

-Califórnia, mãe.

Garota eu vou pra Califórnia, viver a vida sobre as ondas, vou ser artista…Isso, filha?

-Isso, mãe. Tem no filme, essa música.

– Gozado! Você se interessar por essa época…Tá vendo, filha, não tem mesmo essa história de meu tempo, teu tempo…Será que isso é uma versão contemporânea de Coletivo, filha?

-Lá vem você, mãe!

 

TRILHA

CALIFÓRNIA, filme, por Marina Person, disponível na Netflix

HISTÓRIAS DE BIBLIOTECAS

NA PONTA DO DRAGÃO

Manuela Marques

Ana Karla Dubiela e suas obras, com Sofia Osório e Tuty Osório

Centro Cultural Dragão do Mar. Na antiga zona portuária em decadência, a década de 90 trouxe esse presente para Fortaleza. Salas de Cinema, um teatro, complexo gastronômico, pátios ao ar livre, Escolas de Artes, Museus, Espaços Multiuso e lá na pontinha, incorporada ao espaço, e revitalizada, mais uma vez, recentemente, a Biblioteca Pública Estadual Menezes Pimentel.

 

Não conhecia e estive lá este final de semana, para a pré-bienal do livro. Uma feirinha de publicações, com banquinhas ocupadas pelas editoras e livrarias locais, para venda e divulgação da produção cearense, em múltiplos gêneros e formatos.

 

A Biblioteca é fofa, colorida, confortável. Os espaços são refrigerados ou muito ventilados, como o que recebeu a Feirinha, aberto para a brisa do mar e a luz do sol de Fortaleza, o ano inteiro.  

 

Estava lá o Plebeu Gabinete de Adelaide, a Lamarca com Sofia Osório e seus Medos Rabiscados, Lumiar com Ana Karla Dubiela e Dora Freitas. Entre muitos outros. Colegas do ensino médio circulavam com camisetas rosa do Centenário da Semana de Arte Moderna.

 

Fiquei sonhando com a Biblioteca Pública Estadual como espaço de encontro de todas as idades, lugares, intenções. Em volta dos livros, ocuparmos aquelas paredes coloridas, o chão firme do território que será pleno, quando compartilhado.  

 

 

*Manuela Marques é artista visual, designer e estudante. Estuda no ensino médio, estuda corte e costura, estuda desenho e pintura. É autora do Projeto Gráfico do Domingo à NOITE, Editora de Arte do Domingo à NOITE e autora das TIRINHAS da CABULOSA. Leitora voraz, apaixonada por filmes, séries e jogos, aos 17 anos sabe viver indoor e outdoor. Angústias, claro. E também muitas risadas

CRÔNICA

A HISTÓRIA DO MEU NOME

Por Sarah Coelho*

Eu me chamo Sarah e tenho irmã gêmea chamada Deborah. “Nomes bem diferentes, porque de igual já basta a cara”, mamãe brincava, dando ares de seu estilo peculiar de fugir à regra. “São bíblicos”, completavam, por vezes, alguns familiares, com seus sorrisos largos e orgulhosos. Nunca entendi bem. É que papai e mamãe não eram de ler a bíblia, muito menos ir à missa. 

 

Contavam que a culpa era da música. Nunca a ouvimos no rádio, nem sabíamos a letra completa. Sequer imagino onde mamãe terá lido o refrão: “Casar com Deborah ou com Sarah, meu bom José, você podia, e nada disso acontecia, mas você foi amar Maria”. 

 

E aí vem a parte que gosto da história. É que “Maria” era nossa babá. Hoje, figura constante nas minhas sessões de terapia. Figura sem a qual eu nem existiria. 

 

Dona de uma gargalhada peculiar, “Ia” – como a chamávamos – não tinha muitos dotes culinários, mas a bruaca, acompanhada de um cafezinho entupido de açúcar, estava sempre garantida. 

 

Por vezes, pegava mole demais. Bastava mamãe reclamar da bagunça e ela partia em nossa defesa, cochichando em nossos ouvidos que as gavetas dela também não estavam muito organizadas.

 

Mas Ia também sabia quando engrossar. Não esqueço de quando queimei o braço ao usar um ferro para passar o vestidinho de uma boneca. Uma bolha cresceu imediatamente e escondi o machucado a tarde inteira.

 

Quando mamãe chegou e revelei o malfeito, Ia questionou: “Por que você não me mostrou?”. Respondi que sabia que ela brigaria comigo. Ao que ela retrucou: “Sim, mas vou brigar de todo jeito, e poderíamos ter colocado uma pomadinha mais cedo”, me dando um abraço na sequência. 

 

Fecho os olhos e me transporto novamente para a cozinha de móveis brancos e madeira da casa da minha infância. Estamos nós três, cantarolando baixinho a música. 

 

Estávamos predestinadas. Há muito tempo ligadas. Entendo José. É impossível não amar Maria.   

 

*Jornalista, produtora de eventos, celebrante, sonhadora e realizadora de sonhos, Sarah Coelho tem 32 anos de muita determinação e romantismo.

POR AMOR ÀS CIDADES – Juazeiro do Norte

LUGAR EM PROSA E VERSO

Por Lia Raposo

via OPOVO

O Cariri é terra de índio, preto, branco, pistoleiro, santo e arte. Erguido em cores vivíssimas, as horas passam diferente quando lá se está. Não sei se mais devagar. Diferente, certeza.

 

As procissões eram marca antes da Pandemia. Agora, em suspenso fisicamente por um período. Que jamais será suficiente para tirar do povo a fé e a força dos peregrinos. Tal qual Jerusalém, Lourdes, Fátima e Aparecida, Juazeiro do Norte, a terra do Padre Cícero, atrai devotos do mundo inteiro, com seus lenços brancos e suas candeias estreladas.

 

Há muito o que contar, como sobre todas as cidades que traremos aqui. Porém, hoje traremos a magia do Horto, suas casinhas com altares que se veem de fora, pelas molduras das janelas, seu verde de encosta serra acima, a estátua do Padim no alto, a subida a pé como presente, ao invés de penitência.

 

Pois este mês o Horto ganhou um bondinho aéreo para a travessia de baixo aima, de cima abaixo. O já apelidado Teleférico do Horto, está em testes e em breve dominará os caminhos, tal qual filme de fantasia, desenho de fadas. 

 

 *Lia Raposo dedica-se a Estudos da Cultura, é redatora de Projetos Culturais, Produtora de Conteúdo e jornalista. Tem 33 anos de muitas dúvidas, algumas certezas e esboços de ousadia. 

 

TRILHA

JUAZEIRO DO NORTE, por terra e ar, a partir de São Paulo, Salvador, Brasília, Fortaleza e mais;

PADRE CÍCERO, Poder, Fé e Guerra no Sertão, (livro) por Lira Neto;

MARIA DO JUAZEIRO, (livro) por Maria do Carmo Fortim.

MILAGRE EM JUAZEIRO, (filme) por Wolney Oliveira

POR AMOR ÀS CIDADES – Petrópolis

ÁGUA VIVA

por Tuty Osório

via https://viagemeturismo.abril.com.br

Gabriel tem 17 anos. Mesma idade de minha filha, de muitas filhas e filhos. Quando lerem estas palavras não sei se a tenacidade de seu pai o terá encontrado com vida. Que Nossa Senhora, Deus, o Sagrado Coração, todos os deuses e deusas, Orixás, zelem para que sim. Sem querer culpar divindades, porque bem sabemos que a responsabilidade pelo o que está acontecendo em Petrópolis, e em outros lugares, é humana, do poder, da omissão e da indiferença.

 

Petrópolis foi a segunda cidade brasileira que conheci. Imigrante, em 1975, trazida por meus pais com 10 anos, cheguei pelo Rio, num amanhecer deslumbrante, abraçada pelo Corcovado. Logo subimos a serra, direto para Nogueira, pertinho da Cidade de Pedro, significado do nome da Vila Jardim.

 

Naqueles dias, era um Jardim Presépio que Petrópolis parecia. Todo o romantismo, todo o encantamento da monarquia povoando a minha imaginação. Por décadas, Petrópolis foi para mim o charmoso refúgio do imperador, o repouso de Santos Dumont, as pousadas de elaborada gastronomia.

 

Hoje, o desabamento da terra sobre inocentes.

 

Petrópolis maculada pelos malfeitores que não aparecem nos finais felizes, mas são os que mandam nos inícios que eliminam as chegadas.

 

Que arrancaram Gabriel dos seus, herói no teto do ônibus virado na enxurrada cor de lama, ajudando os sobreviventes. Onde estás Gabriel. Que voltes cedo e bem.      

DENTRO E FORA

MESTRES AO LEME

por Tuty Osório

Para haver bons elaboradores da saúde da mente é necessário haver formadores.

Ainda em Pandemia, as aulas presenciais têm demandado muitas produções, além do excessivo esforço físico, como falar de máscara para 60 alunos da graduação.

Contamos com dedicados amantíssimos da atividade de docência. Esses momentos de encontro com os alunos redimem os mestres, emocionalmente.

Márcia Osório, professora de psicologia, conta-nos sobre inspirar o carinho e o olhar de admiração expressos no desenho acima – de uma aluna do primeiro semestre, no seu primeiro contato com ela.

“Convence que o céu faz tudo ficar infinito”, sintetiza, nesta pequena imensa história, que nos presenteia na chegada de fevereiro.

APOIO ECOLOGIA
REPORTÁGEM ENSAIO

A SEMANA QUE NÃO TERMINOU

Miguel Boaventura

Antônio Carlos Queiroz, o ACQ, em debate interessantíssimo com Daniel Farias, da UNB, trazendo mais perguntas que respostas, de intenso esclarecimento a respeito das fundamentais nuances da centenária Semana de Arte Moderna.

SABEDORIAS E SAPIÊNCIAS

BEM AVENTURADOS

Por Tuty Osório (com Mila Marques e Alim Amina)*

ilustração: Manuela Marques

Pedi o espaço à Mila e à Alim e combinei sobre o que iria escrever. Elas cederam sem esforço e, na verdade, delegaram-me esta missão. É sobre um amigo que se foi, mais um, muito querido da Mila e conhecido, da Alim, de nome.

 

Poderia falar da linda história de Carlos Matos, para mim o Doutor Carlos, amigo de meu pai de longas datas. A amizade deles estendeu-se às esposas, aos filhos. Está varando gerações, o que é bem a cara deles, tão ciosos das suas raízes.

 

A história de Carlos constitui-se de muitas. Não caberia neste espaço. Merece um livro, com cada episódio associado a um momento histórico, de Aveiro a Fortaleza, passando por Sobral – as terras que muito amou e honrou. É a história da perseverança, do amor ao conhecimento, do vencedor sem soberba.

 

Vou falar de sua lealdade e camaradagem com todos os que tiveram a alegria de o encontrar nesta dimensão. Meu pai, minha mãe, e sua descendência, entre estes.

 

Começou como um convívio social e cresceu, fortaleceu-se, tornando-se inabalável. Foram envelhecendo juntos, nossos pais, e nós de olho, iludidos de sua imortalidade.

 

Nessa caminhada, muitos domingos com boa comida, vinhos especiais, o burburinho das conversas animadas misturadas à música. Levei um merlot chileno, uma vez, a sua casa, e tomou um gole para me agradar. Os portugueses eram seus eleitos e desconfiava dos demais. Recebi o agrado feliz. Um conservador sempre gentil. Um anfitrião acolhedor e generoso.

 

Carmem, a linda esposa, cuidava dos detalhes com um carinho expresso nos olhos de brilho solar. Belas tardes de domingo no terno abraço dessa gente querida.

 

Muitas polêmicas sobre o acordo ortográfico, sobre a legislação cultural, os destinos do clube, os laços fortes que unem Ceará ao Norte português pela trajetória guerreira destes dois imigrantes, expressão da saga corajosa de todos que atravessaram mares para construir afetos.

 

A finitude do corpo venceu os dois amigos. Partiram com um ano de diferença. Sobre a eterna presença em nós, não há dúvidas. Sobre a a amizade que continua através de nossas mães e de nós, os filhos, a doce certeza de que vale viver.

 

*Mila Marques, 81 anos, é dona de casa, mãe, avó, artesã das linhas e das letras, leitora aplicada, portuguesa, brasileira, viúva e Sapiente demais. Mora em Fortaleza, a algumas quadras do mar, entre plantas, objetos e muitos, muitos afetos.

 

*Alim Amina, também com 81, é professora formada mas nunca exerceu, cearense, estudou em Portugal na adolescência e foi colega de colégio de Mila. Reencontraram-se em Fortaleza, na década de 70, e retomaram a amizade até hoje. Dividem o espaço da Sabedoria dos domingos.

BACHIANAS E COMPANHIA

OS ATELIÊS DE TARSILA

Por Francisco Bento

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Franceses no Brasil, dois dos Cinco do Clube, formado por Menotti del Pichia, Mário de Andrade, Anita Malfati, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral – precisamente Tarsila e Oswald, foram muito brasileiros em Paris.

 

Reza a lenda e provam os registros das biografias da artista do Pau Brasil, da Antropofagia e da Fase Social, que o cardápio do ateliê francês contava com feijão tropeiro, carne seca, tutu, leitoa e cachaça servida em cálices.

 

Tanto Aracy Amaral como Nadja Godjib, publicam, em seus textos sobre a vida de Tarsila, cardápios elaborados pela própria, a serem servidos a Picasso, Sartre, Leger, Cocteau e Satie.

 

Na Fazenda Santo Antônio, de Dona Olívia Penteado, uma das elitistas patronas da arte que fez de São Paulo um reduto recheado de acervos, para sorte dos moradores de hoje, Tarsila também era a responsável pelos itens de consumo dos convidados.

 

O vinho ainda era o francês, contudo. Resgate que já podemos efetuar com muita harmonia, diante dos nacionais de grande qualidade e a valores cada vez mais acessíveis.    

 

* Francisco Bento mora em Santa Teresa, Rio de Janeiro, curtindo o repouso do boêmio, após ter sido empresário da noite, dono de restaurante, crítico de gastronomia e bem vivente. Apaixonado por história, pesquisa e relembra os bons momentos de cores e sabores.

TIRINHA

SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA

APOIO SUSTENTABILIDADE
HISTÓRIAS DE STERI 10

ON THE ROAD

Por Brigitte Bordalo*

Essa foi uma amiga antropóloga que me contou. Bom na vida é ter amiga e amigo de tudo quanto é jeito. Varia as histórias e a gente vive muitas vidas, através da escuta.

 

Marília viajava de carro, promovendo Rodas de Conversa entre os usuários do SUS, pelo interior. Iam ela e Ezequiel, um motorista bom papo, gentil, sempre atento ao conforto e à segurança. Um isopor com água fresquinha e sucos ocupava o chão do banco de trás.

 

-Você não toma água nunca! Líquido nenhum, observou sério, Ezequiel. Providenciei suco para revezar com a água. Isso faz mal, completou.

 

-Constrangida, Marília explicou sobre seu bom hábito de consumir líquidos. E sobre o pavor dos banheiros da estrada. Prefiro evitar, tenho um pouco de trauma, sabe? Justificou.

 

-Pois não seja por isso! Bradou Ezequiel, sacando do porta-luvas um recipiente de 60 ml, azul, colocando-o no console. Você vai esguichar isto na tampa da privada, na água, no ar do banheiro. Em segundos some bactéria, germe e qualquer cheiro ruim. Comprei em Brasília. Mas tá ganhando mundo! Enfatizou.

 

Marília ganhou motivação, a viagem virou um passeio, além de missão importante.  

 

STERI 10 livrou uma ansiedade. E salvou dezenas de banheiros!

 

*Brigitte é microempresária da gastronomia e da cultura.

CREPÚSCULO

ADENTRANDO O ANO

Em marcha por 2022 afora, empenhos para concretizar planos, retomar projetos, ampliar projetos. Esse o clima melhor para encerrar o domingo, e já em março iniciarmos o desfile das novidades. Aguardem e juntem-se mais e mais a nós.

Obrigada por estarem com a gente até aqui.

Tuty e Trupe

APOIO LUXUOSO

Em breve, bistrô saltimbanco