Edição N. 38 - 27/03/2022
Orquestra

Realização FORA DE SÉRIE percursos culturais.

Edição Geral: Tuty Osório

Textos: Antônio Carlos Queiroz, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Miguel Boaventura, Sarah Coelho, Tuty Osório,  Jô de Paula, Sérgio Pires, Francisco Bento, Renato Lui, Marta Viana, Alim Amina, Lia Raposo, Yvonne Miller, Elimar Pinheiro,

Fotografia: Celso Oliveira, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Fernando Carvalho

Edição de Fotografia: Manuela Marques 

Projeto Gráfico e Diagramação: Manuela Marques com consultoria de Fernando Brito.

Ilustrações e Quadrinhos: Manuela Marques, Mário Sanders, Alice Bittencourt.

Revisão: Camilla Osório de Castro.

Mídias sociais: Beatriz Lustosa.

Desenvolvimento de Site: Raphael Mirai.

Música: Maurício Venâncio Pires, Alex Silva, Caio Magalhães, Manuela Marques

Vídeos: Deborah Coelho

 
ALVORADA

O ETERNO NOVO

Museu de Niterói por Oscar Niemeyer. foto de Celso Oliveira
LAREIRAS MÁGICAS

O MELHOR FILME

por Camilla Osório de Castro

“Ataque dos Cães” teve sua estreia mundial em novembro de 2021 e conta as histórias de Phil, Rose e Peter, que passam a pertencer à mesma família após o casamento de Rose com George, irmão de Phil.  Acompanhamos então Rose definhar pela opressão vivida em seu novo ambiente e a aflição de seu filho Peter em vê-la sofrer. 

 

A sinopse que escrevi é um pouco vaga e provavelmente não instigará o leitor a ver o filme porque não parece uma história assim tão interessante.  A grandiosidade da narrativa se dá justamente na linguagem audiovisual, nas imagens, montagem, ritmo e clima. É só assistindo que conseguimos sentir o filme e é justamente isso que faz dele uma das grandes obras da contemporaneidade.

 

Em sua trajetória, “Ataque dos Cães” acumula premiações, incluindo dois Globos de Ouro (melhor filme e melhor direção). Esta noite, a polêmica academia do Oscar terá a oportunidade de somar-se a esta galeria. Na premiação de hoje, o filme conta com 12 indicações. É possível, no entanto, que não atenda aos critérios do Oscar, que costuma seguir a linha de prêmios como os do sindicato dos produtores – entidade que este ano não premiou “Ataque dos Cães”, por seu perfil mais agressivo e desesperançoso, sem o glamour e o “felizes para sempre” tão caros ao tapete vermelho.

 

Cabe notar, entretanto, que recentemente o Oscar tem mudado um pouco essa postura, como nos emblemáticos casos da premiação de “Moonlight”, de Barry Jenkins, em 2017 e “Parasita”, de Bong Joon-ho, em 2020.

 

Caso vença a categoria “melhor filme”, a diretora Jane Campion será a terceira mulher a ganhar o prêmio em toda a história do Oscar. Campion foi a primeira mulher a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o prêmio mais importante do Cinema, em 1993 com o filme “O Piano”.  O estilo um pouco soturno e o interesse por realidades agressivas tratadas sob o ponto de vista feminino estão muito presentes na obra da realizadora.

 

A série “Top of the Lake”, de 2013, é um exemplo marcante. A história de Robin, uma detetive de polícia que está investigando casos de violência sexual contra adolescentes, em sua cidade natal, guarda muita semelhança com a história de Rose, no que se refere a forma. Nas duas obras, a agressividade dos homens e a exposição excessiva dos signos de sua masculinidade são tratadas com estranhamento e repulsa pela câmera e isso dá o tom ao todo.

 

“Ataque dos Cães” é uma produção original Netflix. Em 2022, pela primeira vez, temos uma quantidade massiva de filmes indicados produzidos por plataformas de streaming. Só da Netflix são 11. Ainda assim, o filme de Campion se destaca juntamente com “ A filha perdida”, de Maggie Gyllenhaal, como produções muito fora da curva dos investimentos usuais da empresa. Esta tendência pode indicar uma mudança na paisagem das premiações da indústria nos próximos anos.

 

* Camilla Osório de Castro é cineasta e produtora cultural.  Pesquisa o Bem Viver. Mora no mundo, entre cidades. Acredita que sonho que se sonha junto é realidade.

CONTO

COMPAIXÃO

por Tuty Osório

foto: Celso Oliveira

-Mãe, existe amor incondicional?

-Não sei, filha. Sabe que é um tema que me grila? Não sei.

-Pois eu acho que não existe. A gente ama uma pessoa porque tem motivos. E motivo é meio que condição.

-Pode ser. Tem gente que confunde amar muito, com amar incondicionalmente. Eu não sei mesmo. Sei que tem muita chantagem a propósito de amor. Desculpa para tornar a pessoa amada refém…

-Como assim, mãe?

-É filha. Tem até uma música do Djavan, Oceano, que fala vem me fazer feliz porque te amo. Tremenda bobagem! Que é que o outro tem a ver com o amor alheio? Mesmo que seja por ele, esse amor!

-Mas aí é letra de música, mãe. Pra fazer efeito, encaixar no verso. Muita coisa criam, assim. Para caber ali, não para fazer sentido. Aliás esse negócio de sentido também é meio polêmico…

-Cruzes menina, que conversa! Vamos ver um filme para distrair…

-Qual mãe?

-Filha, pensei num desses do Oscar. Dos indicados. Estou totalmente por fora este ano.

-Você sempre está, mãe. Você mesma conta que foi assistir Titanic anos depois!

-Também não é assim…É porque não gosto de fazer as mesmas coisas que todo o mundo faz. Não gosto de onda, moda…

-Sinceramente, mãe, isso não existe. Não existe ninguém completamente original.

-Não estou falando de originalidade. Só não gosto de ser igual.

-Desculpa, mas isso se chama ser chata!

– Mas era mesmo o que faltava, a filha chamar a mãe de chata. É muita ingratidão da sua parte!

-É o que eu digo, mãe, não tem incondicional. Nem sentido…

MAPINGUARI

por Manuela Marques

foto: Tácita Muniz via G1

Seu Armando era o tipo de homem que não tinha medo de nada.
Sua viagem de agora era seu trecho de sempre, ia do Maranhão até Fortaleza e em Fortaleza voltava para Sobral para ver a mulher. No caminhão levava sacos de farinha e amido de milho, que também era a sua carga de sempre, tudo, como sempre, estava como sempre era.
Porém, no pico do temporal da noite escura, Seu Armando ouvira um grito. Não era um grito monstruoso, não era grito de bicho. O grito que gritava era de caçador – como se avisasse aos outros caçadores que estava lá – mas na estrada de asfalto da infinita “highway”, não tinha caçadores, pensou o homem, sem medo, mas com uma curiosidade compreensível de saber quem vinha lá.
Parou a máquina.
Foi atrás, na carroceria do caminhão. Tudo como deve ser, como sempre estava. Ficou um pouco intrigado, mas não se implicou. Mas como um sopro de vento, surgiu da carroceria A Criatura, A Criatura de muitos dentes e tamanho de gigante. No breu da madrugada, Seu Armando não viu o que era, não viu se era coisa desse mundo ou do próximo, e não sabe quando ou onde a Criatura subiu no caminhão.
Mas jura que viu. E jura que, em toda a sua vida, foi a única vez que sentiu medo.

MÚSICA

SUGAR WATER

por Cibo Matto

Sugar Water

The velocity of time turns her voice into… sugar water

I’m on a concrete way
The wind is blowing to the north, northwest
It smells like sands of the southern island

When a black cat crosses my path
A woman in the moon is singing to the earth
A woman in the moon is singing to the earth
La La La… La La La…
La La La… La La La…

I’m riding on a camel that has big eyes
The buildings are changing into coconut trees
Little by little

When a black cat crosses my path
A woman in the moon is singing to the earth
A woman in the moon is singing to the earth
La La La… La La La…
La La La… La La La…

We are taking sugar water shower

Água com açúcar

A velocidade do tempo transforma sua voz em … água com açúcar

Eu estou em uma estrada de concreto
O vento está soprando para o norte, noroeste
Cheira a areia da ilha do sul

Quando um gato preto cruza o meu caminho
Uma mulher na lua está cantando para a terra
Uma mulher na lua está cantando para a terra
La La Louisiana .. La La Louisiana ..
La La Louisiana .. La La Louisiana ..

Estou montando um camelo que tem olhos grandes
Os edifícios estão se transformando em coqueiros
pouco a pouco

Quando um gato preto cruza o meu caminho
Uma mulher na lua está cantando para a terra
Uma mulher na lua está cantando para a terra
La La Louisiana .. La La Louisiana ..
La La Louisiana .. La La Louisiana ..

Estamos tomando banho de água com açúcar

DENTRO E FORA

Este espaço é para tratar de psicologia, psicanálise, psiquiatria, enfim, das reflexões e formas que dizem respeito à Saúde Mental. De quem pratica, ensina, vivencia.

NÃO É PAUSA, É TRAVESSIA

Rosa Palma

Escuto na rádio sobre um livro lançado por uma jornalista que compila seus posts no Instagram desde o início da Pandemia. Diz ela que muitas pessoas se identificaram com o que ela escrevia e publicava nas redes. Reunidas, as reflexões são o retrato de um tempo, e parece ser essa a parte mais interessante. As impressões no isolamento, a expressão da esperança de que dali sairia um mundo melhor. Mais solidário, inclusivo e generoso.

 

Isso nos leva ao espanto de ter sido possível mais uma guerra em plena crise sanitária mundial. Não cessaram as outras guerras, as declaradas e as clandestinas. Falam em código de ética das guerras. O que é, em si, uma tremenda contradição. Se como acreditam os hinduístas, há bem e mal convivendo em cada ser e nossa tarefa moral é fazer com que a porção boa prevaleça, é fato evidente que existe um desequilíbrio fatal nessa missão.

 

Trata-se do conceito do que é verdade, se é relativa ou absoluta, se é justa ou desigual.

 

Essas especulações renderam centenas de sistemas filosóficos, milhares de livros, em todas as épocas. Antes da escrita já rendiam palestras, profetas, seguidores, submissos e revoltosos.

 

No presente que tipo de verdade vivemos? O teatro da política, da economia, das nações imperativas foi desmascarado. Não somos mais Truman** acreditando ser real o cenário de sua história, contada a um público por ele desconhecido.

 

Estamos sem graça, sem rumo, sem pauta. Toda a teoria produzida não serve mais para compreender. Precisamos reescrever o roteiro, ressignificar os argumentos.

 

Não existe terapia separada da vida.

 

**referência ao filme O show de Truman.

 

*Rosa Palma é psicóloga, linguista e arte terapeuta

CRÔNICA

INTIMIDADE

Por Sarah Coelho

Two Borzois in an Interior sitting on a Bearskin Rug by Philip Eustace Stretton, 1910

Ontem à noite encontrei um casal de amigos que está junto há mais de 20 anos. Nunca oficializaram compromisso com papel passado. Têm casa, cachorro, filhos e uma coleção de encantamentos, que ficam evidentes sempre que um dos dois inventa alguma marmota e o outro acha graça.

 

Dia desses, tiveram um incidente em pleno samba. Ele, que é diabético, sentiu-se mal e quase desmaia no meio do bar.

 

Muita gente chegou em volta, oferecendo água, sal, açúcar, qualquer coisa que o fizesse voltar ao normal.  Até que ela percebeu que tinha algo errado. Baixinha que é, abriu caminho correndo entre todas as pessoas. Bastou olhá-lo e ouvi-lo dizer “é hipo” (de hipoglicemia), para saber exatamente o que fazer.

 

Mas não é sobre diabetes esse texto. E sim sobre o tanto de história e cumplicidade que um simples “é hipo” pode guardar. Encontrar em alguém um porto para descansar. Saber que, no meio da multidão, temos um par. Alguém que mais cedo ou mais tarde aparecerá. E aí é preciso pouco, talvez apenas duas palavras e um olhar, para termos certeza de que estamos seguros de novo.

 

*Jornalista, produtora de eventos, celebrante, sonhadora e realizadora de sonhos, Sarah Coelho tem 32 anos de muita determinação e romantismo

HISTÓRIAS DE HISTÓRIAS

LABIRINTO BÚSSOLA

Por Lia Raposo

via https://singularidadepoetica.art

“Recabarren, deitado, entreabriu os olhos e viu o forro oblíquo de junco. Do outro cômodo, chegava o rasqueado de um violão, uma espécie de pobríssimo labirinto que se enredava e desatava infinitamente… Recobrou pouco a pouco a realidade, as coisas cotidianas que nunca trocaria por outras. Olhou sem pena o seu corpo grande e inútil, o poncho de lã ordinária que lhe envolvia as pernas. Fora, além das barras da janela, estendiam-se a planície e a tarde; tinha dormido, mas ainda restava muita luz no céu. Com o braço esquerdo tateou, até dar com uma sineta de bronze que estava ao pé do catre. Agitou-a uma ou duas vezes; do outro lado da porta continuavam chegando até ele os modestos acordes. O tocador era um preto que havia aparecido uma noite com pretensões a cantor e provocara outro forasteiro para um longo desafio de improviso. Vencido, continuava freqüentando a venda, como se esperasse alguém. Passava as horas com o violão, mas não voltara a cantar; é provável que a derrota o tivesse magoado. As pessoas já iam se acostumando com aquele homem inofensivo. Recabarren, dono do armazém, não poderia esquecer o desafio; no dia seguinte, ao arrumar umas partidas de erva-mate, seu lado direito ficara repentinamente paralisado e perdera a fala. À força de sentirmos piedade dos heróis de romance, acabamos sentindo excessiva piedade de nossas próprias desgraças; não assim o sofrido Recabarren, que aceitou a paralisia como antes aceitara o rigor e as solidões da América. Habituado a viver no presente, como os animais, agora olhava para o céu e pensava que o círculo vermelho ao redor da lua era sinal de chuva.
Um menino com traços de índio (filho dele, talvez) entreabriu a porta. Recabarren perguntou-lhe com os olhos se havia algum freguês. O menino, taciturno, disse-lhe por sinais que não; o preto não contava. O homem prostrado ficou sozinho; sua mão esquerda brincou algum tempo com o cincerro, como se exercesse um poder.
A planície, sob o último sol, era quase abstrata, como se vista num sonho. Um ponto agitou-se no horizonte e cresceu até virar um cavaleiro, que vinha, ou parecia vir, para a casa. Recabarren viu o chapelão, o longo poncho escuro, o cavalo mouro, mas não a cara do homem que, por fim, reteve o galope e veio se aproximando a trote lento. A umas duzentas varas, virou. Recabarren não o viu mais, mas ouviu-o resmungar, apear, amarrar o cavalo ao palanque e entrar com passo firme na venda.”

 

In FICÇÕES, por Jorge Luís Borges, 1944

 

O mágico na literatura tem em Borges uma de suas maiores expressões. É preciso talento e prudência para escrever fantasia sem ser vulgar. E esse argentino que escreveu e leu através da voz e da escuta, transbordava de ambos.

 

Ainda jovem, começou a perder a visão e jamais abandonou seu caso intenso com os livros. Dirigiu a Biblioteca Pública, produziu e publicou muito, com qualidade inabalável. Pode-se não gostar de seus livros, reprovar o seu conservadorismo nas posturas pessoais, mas jamais contestar a grandiosidade de sua obra literária.

 

Fortaleza recebe em abril a professora Lisley Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais, para uma conferência sobre Borges, abordando os seus monstros. Seres Imaginários e reais serão expostos em dia de homenagem ao jornalismo, por inciativa da Associação Cearense de Imprensa.

 

Um tributo à palavra escrita, à literatura guardada e compartilhada, ao universo sob o olhar incisivo de Jorge Luís, para sempre atual.

 

*Lia Raposo dedica-se a Estudos da Cultura, é redatora de Projetos Culturais, Produtora de Conteúdo e jornalista. Tem 33 anos de muitas dúvidas, algumas certezas e esboços de ousadia. 

APOIO ECOLOGIA
SABEDORIAS E SAPIÊNCIAS

UM AMOR QUE NÃO TEM PRA ONDE IR

por Alim Amina

via http://butterflyrus.blogspot.com

Mande notícias do mundo de lá. Diz quem fica. Manda um abraço, venha me apertar. Estou chegando. A hora do encontro é também despedida. O trem que chega é o mesmo trem da partida.

 

Vocês com certeza conhecem estes versos da música de Milton Nascimento, que poeta como se traduzisse o batuque do coração das montanhas das Minas Gerais. Ficou consagrada na voz da saudosa Elis Regina, a voz mais linda do mundo, a mais completa, a mais emocionante. Sem desmerecer nenhuma das grandes cantoras que temos a sorte de ter. De Amália a Anita, de Gal a Glória Groove, de Maria Bethânia a Maria Rita, somos muito abençoadas por maviosas intérpretes.

 

Ultimamente tem sido difícil traduzir as constantes e repetidas despedidas de quem não voltará nesta dimensão. De quem permanece apenas na memória, sem materialidade para além de imagens, reais ou imaginárias. É uma saudade sem fim, privada da compensação dos encontros. Por mais que nos consolemos com palavras alegres, o aperto no peito é apertado demais.

 

Nós não sabíamos que doía tanto.

 

*Alim Amina, tem 81 anos, é professora formada mas nunca exerceu. Cearense, estudou em Portugal na adolescência e foi colega de colégio de Mila Marques. Reencontraram-se em Fortaleza, na década de 70, e retomaram a amizade até hoje. Dividem o espaço da Sabedoria dos domingos.

CURADORIAS

SATURAÇÃO

Com SATURAÇÃO, Em Viana do Castelo, Inês Osório expõe individualmente na ARTMOON, até 29 de abril. Estão todas e todos convidadíssimos para deliciar-se com a beleza das peças.

BACHIANAS E COMPANHIA

A RAÇÃO PARA QUEM A MERECE

Por Francisco Bento

O peixe bolou do congelador para a geladeira e quase me esquecia dele quando se anunciou no limite para o preparo. Calma, não estava nem perto de estragar. Certamente tinha que ser preparado logo. Domingo, folga da Aurora e eu com uma preguiça de levantar um só dedo.

 

De vez em quando as minhas sobrinhas aparecem e trazem umas pretensões de receitas que acabam nunca realizando, deixando os ingredientes acumular-se na estante dos temperos e afins. Bati o olho na Panko, farinha oriental para empanar e tive uma inspiração repleta de gluten, que pra minha sorte posso comer à vontade.

 

Estressado de grelhados, Fryer, gordura zero, quero consolar-me. Sem fritura, porém. Não por saúde. É a preguiça mesmo.

 

Peixe temperado com limão, sal e chimichurri, forno pré aquecido a 220 graus, azeite pra untar o pirex, passo os filés de tilápia por ovo e depois pela farinha. Choque de calor para garantir a crocância. Com 20 minutos vira e reforça a farinha do lado que ficou para baixo. Uma cabeça de alho com casca e tudo vai fazer companhia ao peixe nos 20 minutos seguintes.

 

Servi com arroz integral e alface. Harmonizei com um rosê seco muito gelado. Intimei as sobrinhas para virem compor a mesa e atualizar as histórias.

 

Escondemos o pirex no forno, sem sobras, com o queimadinho grudado no fundo e nas laterais, para Aurora resolver na segunda. Depois de me passar o pito por ter inventado moda! Perdão Aurora, mas tava bom!!

 

* Francisco Bento mora em Santa Teresa, Rio de Janeiro, curtindo o repouso do boêmio, após ter sido empresário da noite, dono de restaurante, crítico de gastronomia e bem vivente. Apaixonado por história, pesquisa e relembra os bons momentos de cores e sabores.

TIRINHA
por Alice Bittencourt
APOIO SUSTENTABILIDADE
HISTÓRIAS DE STERI 10

LUXO NO LIXO

Por Brigitte Bordalo*

História contada por uma amiga de como o STERI 10 virou o maior amigo do marido dela. Responsável pela tarefa de fechar e levar o lixo orgânico até ao local adequado no saguão das escadas do prédio, decidiu, ele, experimentar.

 

Comprovou, então, que o odor de decomposição desaparece instantaneamente com uma borrifada. Uma no saco de casa e outra na lixeira. 

 

Conclusão: confiscou da bolsa o portátil da minha amiga que, prontamente, encomendou um estoque pra não faltar nunca mais. O que era uma obrigação desagradável antes, virou uma missão honrosa e honrada. Livre de cheiro mau.

 

*Brigitte é microempresária da gastronomia e da cultura.

 

CREPÚSCULO

RESSUSCITA-NOS

foto: Tuty Osório

Duna, nossa Felina, tem um aninho de doçura e majestade. Não planejei ter pets, mas quem é mãe de uma Manuela que não mata nem formiga, me obriga a por uma mariposa de volta ao ar livre, garantindo que sairá viva, em plena madrugada, não tem escolha. Cercada pela essência de Manu, acabei com um cão e um gato. Ambas meninas. Duna parece canina no comportamento de me seguir pela casa, pedir comida e atender quando a chamo. Não sei quem foram seus ancestrais, a não ser os do Egito Antigo, onde sua espécie era venerada por todas as castas. É fascinante o seu porte, o olhar cristalino de topázio, suas habilidades traquinas de abrir portas e desarrumar todo o armário. Reclamo, ameaço que vai embora, mas ninguém liga. Sabem que minha alma renovou-se, através da dela. Atravessou-me numa flechada repleta de luz e mel.  

Obrigada por estarem com a gente até aqui

Tuty e trupe

APOIO LUXUOSO

Em breve, bistrô saltimbanco