Edição N. 39 - 03/04/2022
Orquestra

Realização FORA DE SÉRIE percursos culturais.

Edição Geral: Tuty Osório

Textos: Antônio Carlos Queiroz, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Miguel Boaventura, Sarah Coelho, Tuty Osório,  Jô de Paula, Sérgio Pires, Francisco Bento, Renato Lui, Marta Viana, Alim Amina, Lia Raposo, Yvonne Miller, Elimar Pinheiro,

Fotografia: Celso Oliveira, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Fernando Carvalho

Edição de Fotografia: Manuela Marques 

Projeto Gráfico e Diagramação: Manuela Marques com consultoria de Fernando Brito.

Ilustrações e Quadrinhos: Manuela Marques, Mário Sanders, Alice Bittencourt.

Revisão: Camilla Osório de Castro.

Mídias sociais: Beatriz Lustosa.

Desenvolvimento de Site: Raphael Mirai.

Música: Maurício Venâncio Pires, Alex Silva, Caio Magalhães, Manuela Marques

Vídeos: Deborah Coelho

 
ALVORADA

FELICIDADE

foto: Celso Oliveira

Diz que a ONU determinou um dia para lembrar esse estado da alma, esse sentimento, vivência, nem sabemos como definir. Falam em pequenas felicidades, em felicidade ser um caminho e não um destino, ou em ser possível encontrá-la na trajetória e não à chegada. Que não há felicidade total e, sim, instantes felizes. Que podem ser mais ou menos longos, duradouros. Que a felicidade está na rotina, ou ao contrário, em sair da rotina. Que está na coerência. Mais recentemente afirmam que está no contraditório. Nada de certezas, descobriram! Só nas dúvidas seremos felizes. Eu mesma, e alguns de nós aqui no Domingo à Noite, muito adeptos da dúvida, temos tido dúvidas se não é melhor ter algumas certezinhas, assim, pro gasto, pelo menos… E por aí vamos. O que me parece de mais ou menos certo é que a felicidade é mesmo necessária. Pouca, muita, no simples, no complexo, no intelecto, na natureza, no plano, no improviso, seja do jeito que for, ser feliz é preciso. Não adianta fugir. Dizia Nietzche que o sofrimento faz crescer (ou algo assim). Tudo bem, gente, só que esse crescimento tem que ser aprendizado para a felicidade, alguminha, ao menos, senão não vale, veio só pra implicar. E aí, ninguém gosta, né?

 

Começa agora mais um Domingo à NOITE em 2022! 

HOMENAGEM
via https://www.edicoesesgotadas.com

Carlos Emílio Corrêa Lima morreu hoje. Talvez porque parou de escrever.

 

“No momento, a única coisa que me dá santidade é escrever. Não há mais o que fazer. Escrever, para mim, é permanecer vivo. No fundo, ninguém sabe nada. As pessoas divagam em cima de suas experiências. Nem os santos, nem os profetas, só os poetas, só os artistas podem salvar o mundo”.

O BEM VIVER

TRADIÇÃO REVOLUCIONÁRIA

por Camilla Osório de Castro

Campeonato de Cata de Caranguejo na Festa do Mangue, patrimônio imaterial do Quilombo do Cumbe. Foto: Alisson Severino

Em maio de 1968, Paris vivia um movimento generalizado de contestação aos sistemas de poder na França. Iniciado com protestos estudantis que contestavam o sistema educacional. O movimento alastrou-se e atingiu as discussões acerca do papel dos museus. Considerados instituições burguesas, elitistas e coloniais, os museus passaram a ser boicotados no período.  Surgia então a necessidade de um museu mais inclusivo, que fosse um espaço de educação e pesquisa para todos. Esta é a premissa do que passou a ser chamada “Nova Museologia”.

 

Em 1971, também na França, Hugues de Varine-Bohan então diretor do ICOM (Conselho Internacional de Museus), cunha o termo “ecomuseu” para designar um museu integral, popular, que abarcasse o modo de vida e as demandas da comunidade e o meio natural em que estivesse inserida.

 

Muito longe dali, do outro lado do oceano, uma vila de pescadores e marisqueiras levava suas vidas tirando o sustento do mar e do rio Jaguaribe. O Cumbe era na prática a teoria que vinha sendo elaborada além-mar. Mas foi apenas com a entrada de um dos membros da comunidade, João do Cumbe, no meio acadêmico, que essas conexões puderam ser feitas.

 

João é pescador, quilombola e pesquisador. Em seu doutorado, pesquisa os modos de vida de sua própria comunidade, praticando uma pesquisa ativamente contra-hegemônica e anticolonial. João define a comunidade como um “ecomuseu a céu aberto”. Com uma cultura ancestral, apoiada na tradição oral e imbricada na natureza, o Quilombo do Cumbe é, no corpo e na voz de cada um de seus habitantes, o próprio museu.

 

Não mais pautada pela lógica de dominação colonial que sequestrou pessoas, riqueza e cultura ao longo de séculos, a práxis comunitária tem muito a ensinar e a trocar com quem pensa patrimônio cultural hoje ao redor do mundo. Para conhecer este museu, não é necessário vitrines, seguranças ou pagamento de ingresso pela visitação.

 

O único pré-requisito é a presença.

 

De corpo e mente abertos para a troca que se estabelece em nosso encontro, nós visitantes, também somos o museu e a cultura que está sempre em movimento.

 

 

 

 

 

* Camilla Osório de Castro é cineasta e produtora cultural.  Pesquisa o Bem Viver. Mora no mundo, entre cidades. Acredita que sonho que se sonha junto é realidade.

CONTO

LENDAS CONSCIENTES

por Tuty Osório

fotos e outras curiosidades sobre jabuti: https://ninha.bio.br

-Filha está vendo toda essa água saindo desses canos de dentro dos prédios para a rua? Que pretende escoar a água da chuva e quando chega no asfalto não tem para onde ir porque os bueiros estão invariavelmente entupidos de lixo? Presta atenção, olha pela janela do carro agora que a gente parou no sinal!

-Sim mamãe…

-Por isso que tenho horror a chuva em cidade! Chuva é bom no campo, no sertão, e mesmo assim não pode ser demais. E a que vem tem que ser drenada, armazenada para corrigir a distribuição desigual por época do ano. Uma hora chove demais, outra hora é uma seca horrorosa! Com o aquecimento global piorou muito! Na cidade ou é tragédia ou é essa pouca vergonha de lixo misturado com enxurrada em plena avenida! Você tá prestando atenção filha?

-Estou mamãe, estou. Você está zangada por causa do descaso que os gestores públicos têm com as consequências da chuva, a falta de estrutura da cidade, o egoísmo de quem comemora a chuva e esquece das áreas de risco, você sempre fala isso…

-Pra você ver, filha! Não paro de falar porque todo o ano é isso! A mesma coisa, uma vergonha, tenho nojo desse pessoal que não faz o que tem que ser feito!

-Mamãe, posso te fazer uma pergunta?

-Manda, filha.

-Não, deixa pra lá…Não tem nada a ver com o assunto e você vai ficar chateada. Você sempre fica uma arara quando faço isso…

-Não, filhinha, pode perguntar. Esse assunto já deu! Muito desagradável, eu já ia mudar, mesmo.

-Mamãe, você sabia que jabuti come hibisco?

-Bem…Bom…Sinceramente, filha, não entendo muito de jabutis, acho até que os bichos, os verdadeiros, não os das piadas políticas, são bem interessantes…Mas não fazia ideia do que comem, de fato…

-Pois comem. E você sabia, mamãe, que tem uma lenda indígena que diz que os jabutis são heróis invencíveis?

-Eita filha, essa eu não sabia, também. E pensando bem você não fugiu do assunto…Heróis invencíveis, os jabutis, comedores de hibisco, tem tudo a ver com a negligência oficial. Impressionante…

RITOS

NÓS JUNTOS

por Sarah Coelho

via https://www.1stdibs.com

Foi por insistência minha que fomos parar naquele sofá caramelo, numa sexta-feira nublada de um mês qualquer.

 

Mas quando a terapeuta perguntou se estávamos preparados para abrir o quartinho da bagunça e revirá-lo inteiro, pensei em inúmeras rotas de fuga e desculpas esfarrapadas para ir embora.

 

Todo mundo sabe que quartinho é esse. Aquele cômodo indispensável, de porta sempre fechada, onde tudo o que não sabemos onde guardar encontra lugar.

 

Minúsculas coisinhas que não jogamos fora por medo de precisar (e quando, de fato, precisamos, não temos a menor ideia de onde estão). Ou aqueles típicos itens de família, da infância ou de alguma relação longínqua que não tem mais serventia, nem são bonitos o suficiente para ganharem espaço na prateleira, mas a culpa não nos deixa passar adiante.

 

Estremeci. Porque diferente dos meus 10 anos de terapia individual, daquela vez, havia uma mão.

 

Uma mão presa à minha, bem no centro do sofá caramelo.

 

Sabê-la, por uma fração de segundos, me soou um martírio, pois denunciava a plateia que, em breve, assistiria meus devaneios, controvérsias, traumas, dores e dúvidas virarem fatos, nomes, memórias feias demais para serem ditas no café da manhã.

 

Até que senti seu calor. E permiti-me percebê-la ali, firme. Não demorou para algo novo me invadir.

 

Surpresa! Alívio… Ufa! Havia uma mão entrelaçada a mim.

 

*Jornalista, produtora de eventos, celebrante, sonhadora e realizadora de sonhos, Sarah Coelho tem 32 anos de muita determinação e romantismo.

ENCONTROS

Domingo à NOITE encontra Lyslei Nascimento, de Belo Horizonte, que visita Fortaleza de 6 a 8 de abril para compartilhar conhecimento e literatura.

foto: Polly Schivek

Lyslei Nascimento é doutora em Letras: Literatura Comparada pela UFMG, universidade na qual é professora na Faculdade de Letras das disciplinas Teoria da Literatura e Literatura Comparada.

Publicou Borges e outros rabinos (UFMG, 2009) e Despertar para a noite e outros ensaios sobre a Shoah (Quixote, 2018). Com Luiz Nazario, organizou Os fazedores de Golems (UFMG, 2004), obra reeditada em 2020, e com Maria Zilda Ferreira Cury, O olhar enigmático de Moacir Scliar (Quixote, 2019). Com Miriam Volpe, Lyslei traduziu do espanhol para o português o ensaio A ficção marrana: uma antecipação das estéticas pós-modernas (UFMG, 2006), obra do filósofo Ricardo Foster, professor e pesquisador da Universidade de Buenos Aires e da Universidade de Maryland. Coordenadora do GT de Literaturas Estrangeiras da Associação Nacional de Pósgraduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL).

Lyslei Nascimento coordena também o Núcleo de Estudos Judaicos e edita a Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos, ambos vinculados à UFMG. Em 2015, venceu o Travel Award for Latin American Jewish Research na Universidade do Texas, em Austin, onde foi University Affiliate Visiting Scholar e Visiting Research, e realizou estágios pós-doutorais na Universidade de Buenos Aires e na Universidade de São Paulo.

Nos links da TRILHA, podemos conhecer melhor os estudos de Lisley, a sua compreensão da polêmica em torno da cultura judaica, a importância dos estudos literários judaicos para a cultura brasileira, a atualidade de Borges e a nossa latinidade afirmada e negada através das travessias acadêmicas brasileiras.

TRILHA

Unigran

L de Literatura Judaica

REPORTAGEM ENSAIO

OSTENTAÇÃO DO SUPLÍCIO

por Miguel Boaventura

foto: Celso Oliveira

Lugar de fala. BBB em mais uma edição. Guerra na Europa.

 

O primeiro é discussão antiga. Tem assumido versões bizarras ultimamente. Ninguém que não tenha vivido diretamente algo, pode falar em defesa de. Sob pena de ser acusado de usurpar o lugar de fala alheio. Ou de estar tomando partido de uma causa que não é sua para chamar a atenção. Não importa a sinceridade, a coragem, a empatia, a valentia em favor da causa. Não se meta em assuntos que não são da sua história, você não viveu, não vive, não é o seu lugar de fala. E haja a expulsar aliado, a magoar parceiro, a humilhar amigo.

 

Com que autoridade há donos de causas? Não sabemos, contudo, há, e essa prepotência tem deixado boas almas em lágrimas, de peito apertado, sem entender que crime cometeram. Não entendem os julgadores de plantão que lugar de fala não é propriedade. Pode ser ocupado por quem conhece, compreende, abraça a causa, mesmo sem ser ou viver em seu corpo. Essa expulsão do lugar de fala é parente próxima da acusação de apropriação cultural. Muitos equívocos e muitas injustiças nisto tudo.

 

Na sequência vem a moda do lugar de fala das minorias representadas por concorrentes do BBB. Big Brother Brasil para os menos íntimos. Não que eu seja, tenho horror e não percebo nada daquilo, mas irrita-me o suficiente para ter um mínimo de informação.  Pois analisemos como convém a um ensaio, mesmo breve e disfarçado de reportagem.

 

Agora tem grupo de whatsapp de amigos que assistem ao BBB só para analisar os comportamentos expressos ali. Desde o primeiro fiz meu julgamento interno para o qual tenho poucos concordantes. BBB e a maioria dos reality de competição, apresentados como jogos, são insumos para o sadismo, para o prazer em observar o sofrimento dos outros, como ocorria na Idade Média, nas torturas de investigados e de condenados, em praça pública, oferecidos como uma diversão para o povo. Ou no Circo Romano, nas lutas entre humanos e feras, encaminhadas e concluídas com as segundas devorando os primeiros, à vista de multidões em delírio.

 

Ninguém precisa do BBB para observar e analisar o comportamento humano. Basta trabalhar em Corporações, públicas ou privadas, de qualquer segmento da economia e da sociedade, e ter oferecido ao cotidiano, o empenho lamentável de um ser humano em destruir o outro. Tira-se da zona de conforto para desafiar a adaptação e a teórica superação. Humilha-se, não para estimular a dignidade, o que já seria infame, mas para testar a subserviência. Não tem o glamour da Globo, os patrocinadores nem as crueldades intermediárias explícitas das provas de resistência, do líder e os paredões. Notem, paredões onde se vai fuzilar o concorrente mais votado para a eliminação. Se não é uma metáfora sintomática, é, no mínimo, infeliz.

 

Para terminar, falemos da insistente alienação em torno da interpretação da guerra em curso. Esse Fla Flu patético entre defensores dos Estados Unidos, hipotéticos aliados da Ucrânia, líderes do Ocidente Civilizado, tenho a União Europeia como capitão do mato, em bom brasileiro. E os tão equivocados, quanto, justificadores da atitude bélica de Putin, que atacou por falta de opção, porque foi acuado e atraiçoado pela expansão da OTAN. Cidadãos comuns, muito comuns, trabalhadores do mundo inteiro que não sabem nem do que se trata cada argumento desses, são boicotados, empobrecidos, feridos, trucidados, assassinados, postos em fuga desesperada, na Ucrânia, na Rússia, no Brasil, no Sudão, na Nigéria e em toda a parte, em consequência desta e de outras guerras.

 

Pergunta: toda a histeria, em torno dos três temas aqui propostos, é ingenuidade, má fé, uma terceira via, ou uma nova ordem escondida por debaixo das manifestações falaciosas? Que me perdoem, mais uma vez, os otimistas, mas tem hora que não tem espumante, nem aguardente, que nos salve.

  

 

*Com dupla residência entre Lisboa e Brasília, Miguel Boaventura é arquiteto urbanista e escreve por vocação e obrigação. Pessimista por consciência, luta para resgatar a esperança, a cada indignação.

EDUCAÇÃO

BANDEIRA NA ESCOLA

por Lia Raposo

A NOTÍCIA INCRÍVEL QUE ALIMENTA A ARTE COMO ACESSÍVEL, PARA TODOS: Escolas públicas de São Gonçalo do Amarante e Maracanaú recebem exposição comemorativa de 100 anos de Antônio Bandeira

Diz a comunicação da turma maravilhosa que organiza que:

 

Uma exposição itinerante lúdica e criativa composta por 20 reproduções das principais obras de Antônio Bandeira, um dos mais importantes pintores brasileiros e um ícone da cultura cearense, será instalada em abril de 2022 em escolas públicas de São Gonçalo do Amarante e Maracanaú, municípios da Região Metropolitana de Fortaleza. A ação faz parte do projeto “Bandeira nas Escolas”, que conta ainda com oficina online para professores e distribuição de uma revista didática sobre o pintor e sua obra. 

 

Ao todo, 20 escolas do Ceará participarão do projeto que, com isso, deverá alcançar cerca de 10 mil alunos. O lançamento de “Bandeira nas Escolas” será no dia 1º de abril, com abertura da exposição itinerante na Escola Maria do Socorro Gouveia, em São Gonçalo do Amarante, onde permanece até o dia 14/04. 

 

Durante essas duas semanas, além dos alunos e professores da instituição, a exposição receberá a visita de estudantes e docentes de outras escolas da cidade. O município de Maracanaú também receberá o projeto, em data a definir. A exposição marca o início das comemorações do centenário de Antônio Bandeira, nascido em Fortaleza em 26 de maio de 1922. 

 

 

Mestre da pintura abstrata e das aquarelas, Bandeira iniciou-se nas artes retratando pessoas e paisagens. Nos anos de 1940 participou de reuniões com grupos de artistas fundando instituições como o Centro Cultural de Belas Artes (CCBA), o Clube de Literatura e Arte (Clã) e a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP). Em Paris, para onde seguiu na mesma década, teve contato com os novos rumos das artes e o abstracionismo passou a caracterizar suas obras. Na capital francesa realizou, em 1950, sua primeira exposição individual. Bandeira passou a maior parte da sua vida transitando entre o Brasil e a França, e expôs nas principais galerias do mundo. Morreu em Paris em 6 de outubro de 1967. 

 

Promovido pela Via de Comunicação, o projeto “Bandeira nas Escolas” tem como objetivo proporcionar o conhecimento sobre vida e obra do artista cearense, bem como a difusão e fruição da arte brasileira, formação e sensibilização para a arte e a cultura de jovens e crianças que vivem em vulnerabilidade social. Com a curadoria do gravador, pintor, fotógrafo, arte-educador e jornalista Francisco Bandeira, a exposição apresenta obras como “Auto Retrato no espelho” (1945), “Amazonas guerreando” (1958) e “Cidade queimada de sol” (1959).

 

Ainda em março, nos dias 28 às 17h e 29 às 19h, a artista visual e ilustradora Cris Soares ministra a oficina onlinePequeno Diário de ideias para o professor – Dicas para repercutir em sala de aula a vida e a obra de Antônio Bandeira”.

 

A atividade visa apresentar aos educadores quem foi o pintor Antônio Bandeira e dar dicas de como podem realizar atividades com os seus alunos a partir de uma revista editada especialmente para esta finalidade. A publicação, que será distribuída aos professores e alunos das escolas atendidas, conta a história do artista, apresenta suas obras e o contexto em que viveu. O gravador, pintor, fotógrafo, arte-educador e jornalista Francisco Bandeira participará da atividade, para falar sobre a vida do artista homenageado.

 

O projeto Bandeira nas Escolas é uma realização da Via de Comunicação, Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de São Gonçalo e da Prefeitura Municipal de Maracanaú.

 

Conta com o patrocínio da EDP, da Sumitomo Chemical e da Durametal.

 

Captação: BG Soluções Sociais.

 

Parceria: Instituto Antônio Bandeira.

 

TRILHA

 

Projeto “Bandeira nas Escolas”Em São Gonçalo do Amarante: Lançamento da exposição no dia 1º de abril na EEF Maria do Socorro Gouveia. Horário: das 7h30 às 11h30 e das 13h às 17h. A exposição permanece no local até o dia 14 de abril. Mais informações: (85) 3114-7878. Site:http://www.bandeiranasescolas.com.br/

 

*Lia Raposo dedica-se a Estudos da Cultura, é redatora de Projetos Culturais, Produtora de Conteúdo e jornalista. Tem 33 anos de muitas dúvidas, algumas certezas e esboços de ousadia. 

APOIO ECOLOGIA
SABEDORIAS E SAPIÊNCIAS

SEMPRE QUANDO O CORAÇÃO ACOLHE

por Alim Amina

foto: Celso Oliveira

Tenho uma amiga que dispara não gostar de afeto com hora marcada. Digo dispara porque ela fala isso como um tiro, um golpe de faca, uma pedrada. É cruel o jeito como fala. Não aprovo a sua amargura. Afeto é afeto. Ou tem ou não tem. Não me parece factível marcar hora para gostar.

 

Nem sempre os encontros são possíveis nas datas certas. Natal, Páscoa, dias das Mães e dos Pais. Essas datas que acontecem todos os anos. Tem também aquelas de uma vez na vida – os casamentos, os velórios, os aniversários emblemáticos de 18, 21, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90. Os de 100 são mais raros, mas, até que tem tido.

 

Com a Pandemia, muita gente faltou ao Natal e faltará ainda mais datas. Qualquer sintoma de gripe, virose intestinal, pode ser Covid. E haja quarentena, corrida aos testes, receio que para quem não sabe, difere de medo e de pânico, e privações de encontros. Quem é responsável e, quem sabe, é menos afetivo, cumpre à risca as prudências. Os mais emotivos atiram-se aos abraços e Deus que cuide. E Deus cuida, mesmo. O que aconteceu, e o que não aconteceu, nunca saberemos se foi por falta ou por excesso nosso. Mas d’Ele tudo é do tamanho certo, por mais tortas que pareçam as linhas. Assim diz o ditado desde mais de século.

 

Como vantagem dessa bagunça toda, ganha-se arroz de polvo, dobradinha, leitão assado, peixinho grelhado, cozido à portuguesa, e por aí vai, que ainda tem muito Natal fora de época pra resgatar. Tem a turma que falta até à segunda volta. Essa fica responsável pelo próximo cardápio.

 

Virou coisa divertida e isso é que é viver. O ano de 2022 promete. Se não estragarem a regravação do Pantanal com partes gagas, será perfeito! Bem haja, como diziam meus anfitriões portugueses nos idos de 1950.

 

*Alim Amina, tem 81 anos, é professora formada mas nunca exerceu. Cearense, estudou em Portugal na adolescência e foi colega de colégio de Mila Marques. Reencontraram-se em Fortaleza, na década de 70, e retomaram a amizade até hoje. Dividem o espaço da Sabedoria dos domingos.

CURADORIAS

SUPERSTORE

Netflix e as demais plataformas de streaming combinam com qualquer hora do dia, dia da semana, momento da vida. Em casa, em viagem, na sala de espera do médico ou do dentista, na academia, na praça, no bar. Tem sempre uma opção para distrair, rir, chorar, aprender. A indicação de hoje faz todo o elencado, com eficiência, graça, elegância, até. Podia ser um conjunto de histórias óbvias sobre o dia a dia de uma megastore tipicamente mundial, invenção de estadunidenses. Todavia, é bem mais. Fala de alegrias, tristezas, sonhos, frustrações, lutas, pequenas traições, imensas e comoventes solidariedades. Desmistifica militâncias mostrando seus temas como valores essenciais. Ao mesmo tempo é lazer, reflexão, comédia, drama, perfumaria cultural e aprendizado. Junte-se aos leves viciados. Seu remédio pra ansiedade terá os dias contados após esse contato.

SUPERSTORE, série, 6 temporadas na NETFLIX

BACHIANAS E COMPANHIA

CORDEL DA CAJUÍNA

por Sérgio Pires

* Aposentado como bancário e praticante de karatê e Sommelier na ativa, integrante da ABS-DF, Sérgio Pires é escritor e desenhista, poeta da prosa e exímio contador de histórias. Mora em Brasília com Lili, sua companheira linda e maravilhosa, aposentada da Embrapa, cozinheira, apaixonada pela alegria.

TIRINHA
desenho por Manuela Marques/Roteiro por Tuty Osório
APOIO SUSTENTABILIDADE
HISTÓRIAS DE STERI 10

PANTALONA

Por Brigitte Bordalo*

Essa é interna só para mulheres, mas é bom que os homens se conscientizem de mais esse estresse que temos para administrar no cotidiano.

 

Não tem pra ninguém em matéria de malabarismo e leve sofrimento fazer xixi em banheiro de avião – dependendo da demanda o chão fica invariavelmente molhado e ficar em pé, segurar a roupa e não se molhar inteira é totalmente impossível.

 

O resultado é um desconforto injusto, você tão arrumadinha pra viajar, com aquela sensação… É aí que entra o herói do banheiro, muito adequadamente nomeado.

 

Algumas sprayadas sobre o acento do vaso e todas as bactérias e germes desaparecem. Uma passada de espesso maço de papel toalha e voilá! Pronto pra usar sem malabarismos.

 

Pense no sorriso de conforto ao caminhar de volta ao seu acento!

 

*Brigitte é microempresária da gastronomia e da cultura.

CREPÚSCULO

A PENA DA ESCOLHA

via https://www.mutualart.com

 

É domingo. Rua deserta. Sol de presente. Depois de dias seguidos de chuva sem trégua. O entregador do aplicativo aparenta uns 30 anos, calça tênis, o que tem sido raro ver, em Fortaleza andam geralmente de chinelas. Explica que demorou porque o restaurante estava lotado. Entrego algumas moedas e peço desculpas por ser pouco. Ele agradece e inicia uma operação de tentar encaixar uma caixa de plástico azul no isopor revestido de pano que transporta as encomendas. A caixa é grande, o conteúdo parece precioso para ele, mas não consigo vislumbrar o que é. Não encaixa no isopor. Ele esclarece que é uma caixa com brinquedos que achou no lixo, tem um filho de um ano e meio e passaria anos trabalhando para comprar. – Não posso dispensar, entendeu? -, enfatiza. Eu balanço a cabeça que sim e decido esperar que conclua a operação. A incidência de assaltos no meu quarteirão é zero mas, mesmo assim fantasio que a minha presença do lado de dentro do prédio pode inibir qualquer surpresa. A solidariedade com meu parceiro de domingo, que fez, magicamente, a comida especial chegar até mim, prevalece sobre o risco óbvio que corro junto com ele, ao esperar. Ele conclui, despede-se. Imagino que como no Poema de Fernando Pessoa, nas Malhas que o Império Tece, lá longe, em casa, há a prece. Que volte depressa e bem. Na minha fé atrapalhada também peço pela segurança daquele soldado desconhecido, alistado por pressão, sem proteção de espécie alguma, na guerra do asfalto, driblando todo o tipo de ameaça para sustentar o pequeno que ganhará os brinquedos descartados por um outro pequeno, este outro com mais direitos. Peço pelo entregador. Agradeço por mim. E pego o elevador de todos os dias, por mais este dia que também existiu, e que foi mais um sem vislumbre de igualdade.

 

Obrigada por estarem com a gente até aqui.

Tuty e Trupe

 

APOIO LUXUOSO

Em breve, bistrô saltimbanco