Edição N. 41 - 17/04/2022
Orquestra

Realização FORA DE SÉRIE percursos culturais.

Edição Geral: Tuty Osório

Textos: Antônio Carlos Queiroz, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Miguel Boaventura, Sarah Coelho, Tuty Osório,  Jô de Paula, Sérgio Pires, Francisco Bento, Renato Lui, Marta Viana, Alim Amina, Lia Raposo, Yvonne Miller, Elimar Pinheiro,

Fotografia: Celso Oliveira, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Fernando Carvalho

Edição de Fotografia: Manuela Marques 

Projeto Gráfico e Diagramação: Manuela Marques com consultoria de Fernando Brito.

Ilustrações e Quadrinhos: Manuela Marques, Mário Sanders, Alice Bittencourt.

Revisão: Camilla Osório de Castro.

Mídias sociais: Beatriz Lustosa.

Desenvolvimento de Site: Raphael Mirai.

Música: Maurício Venâncio Pires, Alex Silva, Caio Magalhães, Manuela Marques

 

 
ALVORADA

FAZER A HORA

foto: Celso Oliveira

Primeiro roubaram o futuro. Começou um tal de viver o aqui e o agora, não fazer planos, não esperar para não frustrar. Daí chegamos ao estado atual de não suportar o presente porque é impossível ficar bem com tanta violência, hipocrisia, indiferença à vulnerabilidade. Mas eis que há palavras que tocam e a gente ainda consegue virar a cabeça e ter vontade de enxergar a beleza do aglomerado de árvores no horizonte para lá da grande água. E esse momento exato é doce e alegre, criado por nosso olhar, naquele instante. Daí podemos perceber, se desejarmos com intensidade, como no fervor de uma oração, que é possível e necessário ter esperança.

 

Começa agora mais um Domingo à NOITE em 2022! 

LAREIRAS MÁGICAS

A IMAGINAÇÃO UTÓPICA

por Camilla Osório de Castro

Medida Provisória é a estreia de Lázaro Ramos na direção cinematográfica. Após um calvário burocrático, que podemos também chamar de censura, por parte da Ancine, o filme finalmente estreia nos cinemas de todo o Brasil. Prejudicado em número de espaços pela prática predatória da distribuição estadunidense no mercado brasileiro, o filme ocupará poucas salas já que a maioria estará exibindo “Animais Fantásticos: o segredo de Dumbledore”. Deste modo, Lázaro Ramos tem vivido uma rotina intensa de viagens para pré-estreias e entrevistas para divulgar o filme.


Uma dessas viagens foi para Fortaleza no último dia 13 de abril, aniversário da cidade. As 1070 cadeiras do Cineteatro São Luiz estavam ocupadas e o filme foi aplaudido de pé. Da plateia, senti que presenciava um momento histórico. É sempre emocionante uma sessão de cinema pela proposta de compartilhamento coletivo do momento de fruição da obra de arte. A energia compartilhada por estarmos ali juntos é parte da experiência e passa a compor a obra em si. Cada sessão é única. Aquela foi especial.


No Brasil contemporâneo esperança é um artigo de luxo e fomos ao cinema para assistir a uma distopia. Ninguém esperava sair de lá com esperança. Em sua entrevista ao Roda Viva, Lázaro lançou a dica ao responder uma pergunta sobre si. O entrevistador indagou o que ele diria ao Lázaro jovem ao que ele respondeu “Sonhe” e completou esclarecendo que parece óbvio, mas não é já que a homens como ele esse direito é sempre negado. Ao esmiuçar o tema, declarou que a imaginação utópica é a nossa escapatória para inventar possibilidades de existirmos nesse mundo. E então ele chorou, emocionado. 


O enredo de Medida Provisória, no entanto, não parece à primeira vista inspirar a Utopia. A história se passa em um futuro indefinido onde o governo obriga a população negra a retornar ao continente africano por meio de uma medida provisória. O discurso de reparação histórica seria apropriado por uma ideologia de supremacia branca. É aterrador. Onde poderia haver espaço para a Utopia?


No entanto, Lázaro pensou cuidadosamente em cada detalhe e é dos detalhes que ela surge, iluminando o pensamento e inundando o coração. E quando eu falo dos detalhes não são apenas os narrativos, são todas as escolhas desde a maior equipe técnica negra da história do cinema brasileiro até créditos que ressaltam uma postura assertiva acerca da importância do fomento ao cinema nacional. Outra escolha muito importante é fazer um filme de gênero, que flerta com o melodrama, portanto acessível e cativante.


O crítico Inácio Araújo, da Folha de São Paulo, fez um texto mal fundamentado e raso onde criticava este aspecto e associava o filme a uma novela de modo pejorativo. É  interessante que alguns meses atrás o filme “ Cabeça de Nêgo”, de Deo Cardoso, recebeu comentários semelhantes e igualmente rasos de Eduardo Escorel  na Revista Piauí. O fato de críticos brancos se incomodarem tanto e tão irracionalmente com bons filmes de diretores negros só pode significar que algo está mudando, e pra melhor. E aí vislumbramos novamente a utopia iluminando nossas angústias.


Por fim, um poema de Carlos Drummond de Andrade que associei de imediato à última cena de Medida Provisória, onde a imaginação utópica ganha força de convite à luta e à resistência. Que alegria presenciar nosso cinema vivo e nos nutrindo de grandes esperanças!


“Não serei o poeta de um mundo caduco
Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”

(Mãos Dadas, de Carlos Drummond de Andrade)


* Camilla Osório de Castro é cineasta e produtora cultural.  Pesquisa o Bem Viver. Mora no mundo, entre cidades. Acredita que sonho que se sonha junto é realidade.

CONTO

VÃO MODERNO, TAPETE VERDE, IMENSA ÁRVORE

por Tuty Osório

foto: Manuela Marques

– Mãe, é verdade que este hotel foi construído em 1956, antes mesmo de Brasília?

-É sim. Pegou fogo em 1978 e só foi restaurado décadas depois. Parece que reconstruíram exatamente como era.

-Será que tem fantasmas, mãe?

-Deve ter. Não aparece no site dos fantasmas de Brasília?

-Esse não. Aparecia o Hotel Nacional e a mulher de branco que assombrava por lá.

-Tem na Ermida também, né filha?

-Lá é o Dom Bosco que perambula. Dizem que só de noite que ele aparece. Ele sonhou mesmo com Brasília, mãe?

-Não tem como ter certeza, né filha? O sonho dele é parte da lenda da nova capital. Pensada para ser erguida no centro do país e trazer o desenvolvimento para o interior, deslocando a concentração do litoral.

-O duro é que junto com o desenvolvimento vai sempre a desigualdade. São dois Ds juntinhos, sendo reproduzidos por onde andam. Não entendo isso, mãe!

-É verdade, filha. E Brasília foi construída com inspiração numa utopia de igualdade. Um modernismo para a liberdade, os grandes espaços, os prédios despojados. Eu acho lindo mas tem muita polêmica sobre…

-Acho bonito também. Olha mãe, tem um pomar! Vou perguntar a um funcionário mais antigo sobre os fantasmas.

-Pergunta àquele garçom mais velho. Tem cara de estar aqui há muito tempo. Mas da época da construção não vai ter ninguém, filha…

– É, mãe, mas fantasma vai e volta, acho. Pode ter fantasma que visita. O do JK, por exemplo.

-Cuidado com o jeito como você vai perguntar, filha, pra não pensarem que você é maluca…Diz que está pesquisando para um filme, um livro de histórias fantásticas.

-Mas mãe, fantasma é coisa real, normal.

-Bom, filha, mais normal que tanta coisa absurda que se aceita como realidade, é, de fato. Real já não sei…

-Qual é o escritor que falava que nosso apego tem que ser à verdade. Que o que é real é sempre relativo ao que cada um vê?

-Eita filha, são muitos os que falam nisso. Lacan é um. Meio que antecipou o conceito de virtualidade. Mas essa conversa tá ficando complicada, viemos para descansar…

-Viu? Fantasmas pairam, vão e voltam, visitam de muitas maneiras, mãe. Não é literal, nem aquelas figuras brancas dizendo UHHHHHH! Tá ligada, mãe?

-Se você me permitir, pretendo desligar geral!

POR AMOR AS CIDADES - Fortaleza

REDE DE AFETO

por Sarah Coelho

Essa sou eu e minha rede, um símbolo tão cearense, pra falar que no dia 13 de abril Fortaleza bela completará 296 anos.

 

Percebo com frequência as pessoas estranharem meu apego a essa cidade. Logo ela, a segunda mais violenta do Brasil, terra de “cabra machista” e de gente “provinciana”, dizem tantos. E logo eu, “cabeça massa”, espírito grande demais para querer enterrar aqui o umbigo. Parece romance difícil de vingar.

 

Mas vingou. E nossa história de amor seguiu aquele script clichê, mas totalmente genuíno, de tantos casais: foi preciso distância para descobrir que por mais segura, adaptada e até feliz que eu estivesse em outras paragens, faltava sempre um pedaço.

 

Estes dias conversei com uma noiva de Belo Horizonte, que decidiu fazer uma festa mineira de casamento. As raízes do casal estão tão fincadas naquela cidade, que no dia em que eles celebrarão seu amor, acharam importante honrar não apenas os passos dados até o altar, mas também a terra que aparou esse caminhar.

 

Fiquei emocionada. Como cria de uma família de imigrantes, falar de pertencimento gera em mim uma emoção que vem de longe, do meu mil avô, como disse Adélia Prado.

 

Por isso, em seus 296 anos, honro Fortaleza e suas contradições que me ensinam tanto. Digo sim para ela mesmo nos dias em que parece impossível amá-la e, por ora, permaneço com meu velho hábito de voar e voltar. Sempre.

 

*Jornalista, produtora de eventos, celebrante, sonhadora e realizadora de sonhos, Sarah Coelho tem 32 anos de muita determinação e romantismo.

CRÔNICA

CLUBE DO INFERNO

Por Osterne Feitosa

Escorreguei na lama do riacho subterrâneo. A caverna mal iluminada estava de cabeça para baixo. Acho. Não consegui me erguer. Talvez a perna estivesse quebrada. Mas não sentia dor. Apenas uma angústia de estar preso numa caverna da Ordem dos Frades de São Francisco de Wycombe. A organização, fundada em 1.750, era antes de tudo um lugar que desdenhava da ordem estabelecida. Acreditavam que religião era para os fracos. “Fais ce que tu voudras”, em tradução muito livre: “faça o que der na telha”, era o lema da sociedade.

 

A luz era fraca. Embora fosse verão, eu sentia frio. O cheiro, a humidade, e a atmosfera viciada impregnavam meu nariz. Peguei o intercomunicador. Não havia sinal. Claro. Que idiota, eu. As únicas cavernas com sinal são os túneis do metrô e a caverna do Batman. Tentei levantar de novo. Caí. Vi uma marca vermelho escura no chão. Passei a mão na cabeça. Vinha de l . Ainda bem que era superficial. Se eu ainda estava pensando, o cérebro ainda funcionava mesmo que estivesse lento e assustado.

 

Éramos treze, incluindo o motorista. Saí da hospedaria logo depois do café da manhã e encontrei a turma na escola de inglês como segunda língua da rua Ridgmount, em Londres. Mr. Stout, um gigante da Cornuália, dirigia a van e nos contava estórias e curiosidades de cada lugar que visitávamos. Na hora do almoço paramos em um pub fundado em 1324. Não pude deixar de sentir um arrepio ao ver esta data gravada em estuque na entrada; era o mesmo ano em que Jacques de Molay, Grão Mestre dos Templários, foi queimado vivo em Paris.  Feliz, não pensei na fogueira, comi torta de carne e rins  e bebi meio litro de cidra na pressão. De barriga cheia e sonolento, sentei na última cadeira e partimos rumo à sede do Hell´s Club.

 

Estrada perfeita. Tédio. Nada de buracos, piadas ou canções. Mais meia hora de sonolência e acordamos na Abadia de Medmenham.

 

A igreja gótica com uma cúpula branca pousava no alto da colina ao lado de uma estrutura de portais em forma de hexágono. Vegetação luxuriante e gramado perfeito como um cenário do mundo das fadas.  Lugar de filme. Só faltava a música de fundo e os subtítulos. Logo ao lado, avistamos o mausoléu da família Dashwood e, depois de uma pequena caminhada e escorregadelas na relva molhada, a entrada das cavernas da turma do Inferno.

 

Clube exclusivo. Apenas uma dúzia de pessoas de alta linhagem. Entre eles o Conde de Sandwich IV e John Wilkes, jornalista e parlamentar libertário que inspirou a revolução americana. Por coincidência macabra, o homem que matou Abraham Lincoln quase um século depois, também se chamava John Wilkes.

 

Conta a lenda que, durante o verão, ali havia libações e festas às quartas e sábados. Em procissão, dois a dois, em roupas monásticas brancas, doze fundadores do clube se dirigiam para a celebração recitando o mantra “Peni Tentum”, uma corruptela de “Poenitens”. Adentravam então nas cavernas enfeitadas com pinturas eróticas e estátuas de deuses gregos: Priapo, Baco e Afrodite. Havia comida e bebida. Convidados e serviçais. Mulheres vestidas de freiras – que se despiam para eletrizar o ambiente – e convidados do sexo masculino, como Benjamim Franklin que morou uma temporada em Wycombe e que, além de ciência e política, gostava muito de comer e beber.

 

Como a gruta, que girava lentamente, minha cabeça começou a rodar também. Pensei que fosse o fim do mundo. Meu último dia sobre a terra. Mas de repente meus olhos viram um vulto que lentamente se transformou em gente. Vestido à moda antiga, fez uma mesura e sussurrou ao meu ouvido:

 

– “Tenha calma. Você não vai morrer nesse lugar profano. Seus amigos estão vindo te pegar.”

 

Acordei em um quarto de hospital. Me senti como um soldado ferido na guerra. Mas me emocionei ao ver minha colega de escola, Marta, também brasileira, sentada na cadeira do outro lado do quarto. Sorri para ela e disse:

 

– Obrigado por ter ficado comigo. De onde você vem?

 

Ela riu com desdém e falou em perfeito sotaque londrino:

 

– Fire

 

E desapareceu no ar.

*Osterne Feitosa fotografa e escreve. Em seu trabalho, tonalidades, pessoas, paisagens, cheiros, sonho e realidade, tudo se conecta em experiências que cristalizam um mundo mágico e possivel. Advogado e Contador de Histórias, Osterne Feitosa arteia com escrita, lentes e falas que nos apresentam o universo em sua leitura.

REPORTAGEM ENSAIO

SUBLIME TEMPO

por Miguel Boaventura

foto: Celso Oliveira

Ainda nem se pensava em Pandemia e já ouvia de amigas mães de adolescentes que as escolas não trabalhavam o clima entre os estudantes, entre os funcionários e professores, entre estes e aqueles.

 

A violência, física, moral, literal e simbólica já infestava de pânico os dias de crianças, adolescentes, mestres e cuidadores.

 

Racismo, misoginia, confronto de gerações e de classes, as drogas tomando conta de todos os terrenos, públicos e privados. Quem se insurgia era taxado de alarmista, ou pior, de ingênuo.

 

Agora, em 2022, Pandemia em aparente recuo, surge uma conversa como novidade, junto com a estreia mundial do remake de Amor Sublime Amor, em sua filmagem mais famosa na versão que tinha Natalie Wood no papel principal. I want to live in América, lembram? Um musical que tratava da briga entre gangues, denunciando timidamente, nessa época, a discriminação e a crueldade a que eram expostos os chamados latinos na América pretendida livre.

 

E que conversa é essa? Que os alunos retornam às aulas presenciais mais agressivos devido ao isolamento e às restrições da Pandemia. Como se o mundo escolar, antes de março de 2020 fosse um paraíso de cordiais relações. Façam-me o favor!

 

A depressão na adolescência, levando a automutilação e ao suicídio já era uma Pandemia bem anterior à Covid 19. E não se tomou nenhuma providência a respeito. Ou melhor, tentaram algumas estratégias válidas, porém, claramente insuficientes.

 

Uma delas foi o Professor Diretor de Turma, uma espécie de psicólogo amador, responsável por ouvir, promover dinâmicas, cuidar, enfim, do emocional dos alunos na escola pública. Sem o suporte de profissionais de saúde engajados, passaram esses abnegados a adoecer junto com seus pupilos. Na escola privada, com raríssimas e honrosas exceções, os psicólogos e orientadores educacionais são figuras sem autonomia, sem estrutura de trabalho, e, consequentemente, sem resultados. E aqui repito, com honrosas exceções.

 

A escola tem que ser uma referência na vida das crianças e jovens. Sem essa conversa de que há a expectativa de que substitua a família, tem que ser um espaço de acolhimento, confiança, mediação de conflitos, onde alunos, responsáveis e mestres sintam-se seguros e em crescimento constante.

É urgente refazer esses laços que se fortaleciam e foram sendo afrouxados e corrompidos por equivocadas concepções autoritárias e irresponsáveis.

 

O problema não é só brasileiro.

 

Na série dinamarquesa RITA, produzida pela NETFLIX, é abordada a importância da escola e seu impacto sobre a vida dos diferentes segmentos da sociedade. E lá, onde leis, práticas e redes de proteção social são sofisticadas, debate-se constantemente como melhorar. Isso não nos torna piores que os dinamarqueses. Apenas nos mostra como, sendo culturalmente mais avançados no afeto, somos, também culturalmente, mais reféns da banalização da violência.

 

Não percamos, jamais, a condição de nos indignarmos. De querer o melhor para os nossos filhos, o que trará o melhor para todas as pessoas em ação no cenário social.

 

No filme da vida todos podemos, e devemos, ter uma função, um papel. Vamos, pois, argumentar, roteirizar, atuar e usufruir.

 

Do melhor, por favor, pelo melhor.

 

 

*Com dupla residência entre Lisboa e Brasília, Miguel Boaventura é arquiteto urbanista e escreve por vocação e obrigação. Pessimista por consciência, luta para resgatar a esperança, a cada indignação.

DENTRO E FORA

PRA NUNCA PERDER ESSE RISO LARGO

por Deborah Coelho*

*Psicanalista, terapeuta e educadora, Deborah Coelho ilumina as nuvens escuras com raios do bem, driblando o medo e seguindo com a pressa dos generosos e o vagar dos felizes.

ESTA É PARA RECA, COM TODO O AMOR DA TRUPE DO DOMINGO.

MÚSICA

The Caterpillar

por The Cure

The Caterpilar

 

Flicka flicka flicka!

Here you are

Cata cata cata!

Caterpillar girl

Flowing in

And filling up my hopeless heart

Oh never never go

Dust my lemon lies

With powder pink and sweet

The day I stop

Is the day you change

And fly away from me

 

You flicker

And you’re beautiful

You glow inside my head

You hold me hypnotized

I’m mesmerized

 

Your flames

The flames that kiss me dead

 

Dust my lemon lies

With powder pink and sweet

The day I stop

Is the day you change

And fly away from me

 

Flicka flicka flicka!

Here you are

Cata cata cata!

Caterpillar girl

Flowing in

And filling up my hopeless heart

Oh never never go

Dust my lemon lies

With powder pink and sweet

The day I stop

Is the day you change

And fly away

Away from me

 

Cata cata cata!

Caterpillar girl

Cata cata cata!

Caterpillar girl

Cata cata cata!

Caterpillar girl

Cata cata cata!

Caterpillar girl

 

 

A Lagarta

 

Pisca, pisca, pisca
Aqui está você
Ga ga ga ga
Garota lagarta
Fluindo
E preenchendo meu coração desesperançoso
Oh nunca, nunca se vá
Cubra as minhas mentiras de limão
Com pó rosa e doce
O dia que eu paro
É o dia que você muda
E voa para longe de mim

 

Você pisca
E você é linda
Você brilha dentro da minha cabeça
Você me mantém hipnotizado
Eu estou fascinado

 

Suas chamas
As chamas que me matam com beijos

 

Cubra minhas mentiras de limão
Com pó rosa e doce
O dia que eu paro
É o dia que você muda
E voa para longe de mim

 

Pisca pisca pisca
Aqui está você
Ga ga ga ga
Garota lagarta
Fluindo
E preenchendo meu coração desesperançoso
Oh nunca, nunca se vá
Cubra minhas mentiras de limão
Com pó rosa e doce
O dia que eu paro
É o dia que você muda
E voa para longe
Para longe de mim

 

Ga ga ga
Garota lagarta
Ga ga ga
Garota lagarta
Ga ga ga
Garota lagarta
Ga ga ga
Garota lagarta

APOIO ECOLOGIA
SABEDORIAS E SAPIÊNCIAS

LINHAS CERTAS

por Mila Marques

foto: Celso Oliveira

“Deus nunca nos dá um fardo demasiado pesado…  Nós é que temos tendência, para sermos injustos com Ele.”                                 

 

Adoro este pensamento e sempre que algo se torna difícil para mim, medito muito. Acho certíssimo!  

 

Acrescento, no entanto, que a nossa injustiça para com Ele, está no fato de o nosso tempo ser diferente do Dele. Portanto, a nossa pressa em conseguirmos as coisas é muito grande, o que nos leva ao desânimo, transformando um fardo leve em outro pesadíssimo, quase insuportável! Depois as coisas acontecem no tempo que Deus determina. Tudo se ajeita, tudo se compõe e o que é preciso é não perdermos a fé, a esperança e principalmente a confiança, pois diariamente somos postos à prova, e de que maneira…

 

Também vejo sobre o ponto de vista de não ficarmos esperando que tudo caia do Céu. Basta orar para Deus ajudar e pronto, tudo vai dar certo!

 

Não, nada disso! A nossa vontade em realizar, não deve ser preguiçosa e muitas vezes é! Temos que discernir o que é urgente e necessário e ir à luta! Sempre é preciso uma certa coragem. Chegamos lá, desde que haja determinação e não devemos esquecer que teremos que encarar algumas consequências.

 

Por isso estive ausente. Tive que fazer uma viagem que protelei por falta de vontade. Concluí, que tudo que tinha que ser resolvido, requeria a minha presença. Não havia alternativa, tinha que ir.                         

 

Chamaram-me de corajosa, mulher forte, etc, mas confesso que tive muito medo. Minha determinação ajudou. Amigos e familiares também.   Grata por tudo! Consegui resolver, foi muito positivo! Estou de volta e feliz pelo meu regresso.

 

Deus deu uma mãozinha, para o fardo se tornar mais leve, contudo, tive de ir à luta, sem preguiça, para realizar. Assim é a vida. Tentando andar para a frente sem olhar para trás, sempre agradecendo.

 

*Mila Marques, 81 anos, é dona de casa, mãe, avó, artesã das linhas e das letras, leitora aplicada, portuguesa, brasileira, viúva e Sapiente demais. Mora em Fortaleza, a algumas quadras do mar, entre plantas, objetos e muitos, muitos afetos.

CURADORIAS

Mário Sanders volta ao circuito de exposições com uma individual no Espaço Cultural da UNIFOR em Fortaleza, no ar desde 7 de abril. Visitem mais que uma vez que vale a viagem e o sonho. Vamos contar aqui a história de Mário, do Movimento Fratura Exposta lançado nos anos 90 a partir do Bairro José Walter, as progressões do grito contra a violência bradado dali e o início da arte contemporânea ocupando a cena cearense, pela ação mágica e dedicada de Dodora Guimarães.

BACHIANAS E COMPANHIA

MESTRE VALDIR, NOSSO CHEF, NOSSO ORGULHO

por Tuty Osório

📍Rua Eliseu Uchoa Becco, 450 prox.ao Iguatemi,por trás do shopping do automóvel. Sábado ( 11h a meia noite ) Domingo ( 11h as 17h)

Pedi o espaço emprestado ao Serginho e ao Chico Bento para fazer uma homenagem e lembrar um cantinho abençoado.

 

Essa é a casa nova da Tilápia, iniciada há 30 anos no Papicú, continuada na Aldeota e agora pertinho do Iguatemi, para atender a vários bairros.

 

Quem já teve o prazer sabe. A cozinha do amigo Valdir é uma fusão do sertão com as técnicas da alta gastronomia. Sabor elegante sem jamais perder a simplicidade e as raízes do nosso agreste de tanta riqueza culinária.

 

Sorvete de rapadura, capim santo e tapioca. Cerveja estupidamente gelada até cansar. Carta de vinhos atualizada, honesta, que não fica a dever a nenhum restaurante. Tilápia está entre os melhores.

 

Espaço para crianças, entrega a domicílio se for essa a escolha. Mas vamos chegar lá no novo rincão. Só lá a simpatia do Valdir irradia pelas mesas, com seu dólman impecavelmente branco, chapéu a rigor e o sorriso a saudar a gente pelo nome, que ele jamais esquece.

 

Me aguarde que estou pra chegar!

 

TIRINHA

SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA

desenho por Manuela Marques/Roteiro por Tuty Osório
APOIO SUSTENTABILIDADE
HISTÓRIAS DE STERI 10

ON THE ROAD

Por Brigitte Bordalo*

Essa foi uma amiga antropóloga que me contou. Bom na vida é ter amiga e amigo de tudo quanto é jeito. Varia as histórias e a gente vive muitas vidas, através da escuta.

 

Marília viajava de carro, promovendo Rodas de Conversa entre os usuários do SUS, pelo interior. Iam ela e Ezequiel, um motorista bom papo, gentil, sempre atento ao conforto e à segurança. Um isopor com água fresquinha e sucos ocupava o chão do banco de trás.

 

-Você não toma água nunca! Líquido nenhum, observou sério, Ezequiel. Providenciei suco para revezar com a água. Isso faz mal, completou.

 

-Constrangida, Marília explicou sobre seu bom hábito de consumir líquidos. E sobre o pavor dos banheiros da estrada. Prefiro evitar, tenho um pouco de trauma, sabe? Justificou.

 

-Pois não seja por isso! Bradou Ezequiel, sacando do porta-luvas um recipiente de 60 ml, azul, colocando-o no console. Você vai esguichar isto na tampa da privada, na água, no ar do banheiro. Em segundos some bactéria, germe e qualquer cheiro ruim. Comprei em Brasília. Mas tá ganhando mundo! Enfatizou.

 

Marília ganhou motivação, a viagem virou um passeio, além de missão importante. 

 

STERI 10 livrou uma ansiedade. E salvou dezenas de banheiros!

 

*Brigitte é microempresária da gastronomia e da cultura.

CREPÚSCULO

SOMOS MUITOS E PODEMOS VOAR

O pavão invadiu o salão do café da manhã do hotel plantado em extensos gramados brasilienses, de árvores centenárias, margeado pelo lago e pelo horizonte belo da nossa  extravagante capital. A julgar pelo à vontade, com certeza somos nós, os hóspedes espantados, os invasores. As crianças logo o acolhem burilentas, com seus gorjeios alegres, atirando-lhe pedacinhos de miolo de pão, sob a vigilância das mamães entusiasmadas. Sua entrada parece encomenda de Páscoa, renovação, convite a azular a vida, mandar a tristeza embora, que novíssimo dia já raiou.  O pavão é maior que tudo, maior que o seu próprio voo baixinho, porém voo. E desta vez abro os braços para mais este dia que também existiu, e chegou de mãos dadas com a esperança azul do visitante.

 

Obrigada por estarem com a gente até aqui.

Tuty e Trupe

APOIO LUXUOSO

Em breve, bistrô saltimbanco