Edição N. 48 - 05/06/2022
Orquestra

Realização FORA DE SÉRIE percursos culturais.

Edição Geral: Tuty Osório

Textos: Antônio Carlos Queiroz, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Miguel Boaventura, Sarah Coelho, Tuty Osório,  Jô de Paula, Sérgio Pires, Francisco Bento, Renato Lui, Marta Viana, Alim Amina, Lia Raposo, Yvonne Miller, Elimar Pinheiro,

Fotografia: Celso Oliveira, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Fernando Carvalho

Edição de Fotografia: Manuela Marques 

Projeto Gráfico e Diagramação: Manuela Marques com consultoria de Fernando Brito.

Ilustrações e Quadrinhos: Manuela Marques, Mário Sanders, Alice Bittencourt.

Revisão: Camilla Osório de Castro.

Mídias sociais: Beatriz Lustosa.

Desenvolvimento de Site: Raphael Mirai.

Música: Maurício Venâncio Pires, Alex Silva, Caio Magalhães, Manuela Marques

 

 
ALVORADA

NÃO ME DEIXES

Raquel de Queiroz escreveu que ter irmãos é eternizar a infância. Recebi essa da minha irmã, numa noite de Natal, nas nossas trocas de mensagens, típicas da família. Raquel era muito ligada a essas simbologias. Olha o nome da fazenda dela! E eternizar a infância, vamos combinar, que é bom demais. As conversas debaixo da rede, o reparo nas visitas, as cumplicidades, o espírito de corpo. Irmãos a gente tem de sangue ou sai plantando e colhendo por aí. Minha irmã, eu já tive de presente ao nascer, sendo eu a mais nova. Meu irmão também. Mas os teria encontrado de todo o jeito. Nossa sintonia é existencial, espiritual, é encontro combinado em outras vidas. Hoje a Alvorada é dela. Paula maior.   

 

Começa agora mais um Domingo à NOITE em 2022! 

 

O BEM VIVER

LEI RAONI

por Camilla Osório de Castro

Muito tem sido dito na imprensa a respeito do caso Gusttavo Lima, tatuagem da Anitta e Lei Rouanet. Mas para quem estiver por fora vai aqui um resumo: durante um show na cidade de Sorriso, no interior do Mato Grosso no dia 13 de maio o cantor Zé Neto declarou não “compactuar com dinheiro público” nem precisar “tatuar o toba” ou “mamar nas tetas da Lei Rouanet”. A repercussão da fala entre os fãs da cantora Anitta incentivou a busca pelos ganhos dos cantores sertanejos e levou a uma interessante descoberta. Zé Neto, Gusttavo Lima, entre outros artistas parecem de fato não compactuar com o bom uso do dinheiro público visto que têm aceitado receber cachês desproporcionais de prefeituras de pequenas cidades para realizar shows. Muitas vezes esses cachês são retirados de rubricas orçamentárias que não poderiam ser utilizadas para este fim.

O fato tem reavivado a polêmica acerca da Lei Rouanet levando a muitos posts na internet tentando explicar seu funcionamento, atacá-la ou defendê-la. Nesse contexto chamou a minha atenção uma publicação do Buzz Feed Brasil intitulada “ afinal qual a diferença entre usar dinheiro de prefeituras e via lei rouanet.” O texto retoma a criação da lei, no governo Collor, e explica o mecanismo de incentivo a cultura no qual o projeto é submetido à aprovação pelo órgão competente, no caso a Secretaria Especial da Cultura, e caso aprovado recebe autorização para captar recursos com empresas privadas que podem destinar uma parte de seu imposto de renda para o projeto apoiado. Nesse momento é dito o seguinte : “ Em projetos via Lei Rouanet não há dinheiro público envolvido […] o dinheiro usado pelas prefeituras [ para pagar os shows dos cantores sertanejos] é dinheiro público, do povo e deve ser usado nas áreas onde exista maior necessidade. Já a Lei Rouanet é dinheiro privado, vindo de isenção fiscal, e quando usado em projetos culturais precisa prestar contas, oferecer benefícios à sociedade…”

Para a minha surpresa, muitos colegas artistas e produtores culturais compartilharam esta publicação com o objetivo de defender a Lei Rouanet e o financiamento da cultura. Isso demonstra que até mesmo os trabalhadores da cultura desconhecem os mecanismos do financiamento público à cultura e estão contaminados por um falso discurso moral em torno do tema. Deste modo, cabe fazer alguns esclarecimentos.

Em primeiro lugar, a Lei Rouanet utiliza sim dinheiro público. O imposto é dinheiro público. Se há uma destinação, que é diferente de isenção, para um projeto cultural isso não passa a ser financiamento privado, a empresa não desembolsa valor algum. Essa confusão inclusive é muito comum por parte das empresas que tratam o patrocínio via Lei Rouanet como se fosse um investimento delas, escolhendo os projetos segundo estes critérios e não necessariamente os critérios do interesse público.

Isso nos leva ao segundo ponto. Há na fala “o dinheiro da Lei Rouanet é privado” e “ o dinheiro da Lei Rouanet é rigorosamente fiscalizado” um discurso oculto de que o uso do dinheiro público para a cultura é ruim e que se o dinheiro é público não há fiscalização. E nada disso é verdade.

A cultura é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e a Lei Rouanet é mais um mecanismo dentre outros que o Estado tem obrigação de implementar para garantir não apenas o sustento dos artistas mas o acesso da população à cultura. O emprego de verba pública em cultura ocorre até mesmo em países como os Estados Unidos da América, que não possuem por exemplo um sistema público de saúde, dada a importância do investimento nesse setor para a economia, a diplomacia e sobretudo o bem estar de uma população.

O Brasil vive hoje um nível de manipulação dos conceitos tão profunda que leva os próprios artistas a se confundirem quanto a legitimidade da destinação da verba pública para seus projetos quando se há uma crítica que pode ser feita à Lei Rouanet é o poder que ela entrega ao empresário de definir a destinação da verba, privilegiando artistas que possuem contatos com grandes empresas. O elo do capital privado é, portanto, o maior problema desse sistema e não a sua maior virtude como tenta colocar a publicação do Buzz Feed Brasil.

Um país sem investimento público em cultura é um país que nega a seu povo a possibilidade de acessar arte e também de criar arte. Isso sim é imoral e antiético. Isso seria mais um passo em direção a nossa falência completa enquanto sociedade.

 

* Camilla Osório de Castro é cineasta e produtora cultural.  Pesquisa o Bem Viver. Mora no mundo, entre cidades. Acredita que sonho que se sonha junto é realidade.

CONTO

PECADO CAPITAL

por Tuty Osório

– Mãe, que série é essa que você fica assistindo enquanto limpa a cozinha?

-Não é série, filha, é novela. Novela antiga, de 1975, 1976.

-Nossa! E não é datada, não, mãe?

-Essa é a graça, filha. Ser datada. Quer dizer, não a graça, mas a relevância. Mostra os costumes daquele tempo. As mulheres eram oprimidas, inclusive as de classe alta. Havia racismo mais do que explícito, diferenças sociais que se acentuavam…

-Mas, mãe, não era tempo de censura? Como é que a novela no horário de maior audiência mostrava isso?

– Davam o jeito deles. Tocavam nos temas de um modo que não parecia intencional. Na época eu nem tinha muita consciência. Tinha 10 anos. Mas hoje vejo claramente que a seu modo esses autores de histórias açucaradas tinham um papel e promoviam a denúncia, a seu modo…

-Mas mãe, falavam do governo?

-Não. Essa palavra nem aparecia, filha. Mas falavam dos preconceitos, da discriminação, da segregação…

-Eu vi que a autora dessa que você assiste, mãe, criou um personagem médico psiquiatra para o Milton Gonçalves. Esse que morreu agora.

-Pois é filha. Era um negro numa situação de intelectualidade, de protagonismo. A maioria dos papéis na TV eram de empregados ou escravos. Esse personagem chamou a atenção, fez as pessoas pensarem. Ele também era um questionador da internação psiquiátrica. Outro tema delicado que começava a ser debatido, timidamente.

-Até hoje, né? Aliás, mãe, continuam as mesmas tretas, só que agora o barulho é grande. Não dá pra fingir que não vê!

-E o pior, filha, é que muita gente continua fingindo que não vê. Ou pior, ainda, sentindo-se à vontade para defender absurdos…

-Pois é mãe. A sociedade continua pecando, né?

-Como assim, pecando?

-Nossa mãe! Depois eu que tenho dificuldade de abstração geracional! Trocadilho com o nome da novela!

-Mas esse era outro pecado…

-Mãe, fala sério! Se as denúncias eram com cara de sem intenção, pra mim, tá na cara que a autora tascou no título pra falar, também, de outros pecados!

-Nossa, filha, não tinha pensado nisso…

-Você tá lenta hoje, hein, mãe!

-Menina…

MÚSICA
A Orquestra da Universidade Estadual do Ceará abriu temporada de apresentações no Cine Teatro São Luís, em Fortaleza, sob a batuta do Maestro Alfredo, num dia de chuva torrencial, recebendo uma plateia que lotou a grande sala histórica. Haverá mais em julho, dia 27, e na próxima semana contamos mais. VIVA A MÚSICA, VIVA A CULTURA!
DIA DO MEIO AMBIENTE

A programação foi no dia de hoje. À hora que Domingo à NOITE sai para os leitores já encerrou. Mesmo assim divulgamos, para compartilhar a linda programação de um grupo de mulheres bravas ativistas de uma mentalidade que urge consolidar-se em nosso cotidiano:

Olá meninas!!!!
Domingo, dia 5 de junho, é o dia mundial do meio ambiente, e em menção a essa data tão importante, faremos um encontro especial na força feminina para levantar debates importantes na nossa cidade.

Programação:
9:30 acolhimento com piquenique lixo zero
10h Roda de conversa – Ecofeminismo e a mulher nas lutas ambientais, com Andréia Lopes, Clara Dourado e Sabrina Peixoto.
11h Plantio de mudas nativas
11:40 Encerramento ao som de Batuqueiras do Maracatu Nação Fortaleza

LOCAL: Parque Adahil Barreto ( R. Major Virgílio Borba, 177, Dionísio Torres)

Traga sua canga, água e lanche (sem plástico descartável)
Convidem todas as manas, tragam as crianças e vamos fazer um movimento lindo pela mãe natureza

Realização:
@beegreenbr
@somosyby
@juntascolmeiacriativa

Apoio:
@fredericas
@donasdoseumundo
@calendula_cosmeticos_naturais
@remes.rede
@semaceara

Contato para dúvidas: 98671.1111

ACQ

DA RELATIVIDADE

por Antônio Carlos Queiroz

Tuty, cara,

Você explora no conto Norma, na última edição do Domingo, a ideia, muito popular, de que o Einstein teria dito que “tudo é relativo”. Na verdade, ele postulou quase exatamente o contrário. Por que “quase”? Porque a teoria da relatividade leva em conta os tempos e os espaços relativos medidos pelos observadores, onde, porém, operam as mesmas leis da física sob o princípio da simetria.

Einstein manteve esse postulado (“da relatividade”), evidente desde o Galileu, pelo qual as leis da física são as mesmas para todos os referenciais inerciais, não havendo observadores privilegiados. Mas ele foi além, acrescentando um segundo postulado, segundo o qual a velocidade da luz é invariante, não importa onde estejam os observadores, isto é, os pontos de onde os físicos tomam as medidas de suas observações.

 

Curiosamente, o Einstein não usou a expressão “teoria da relatividade” no artigo que deu origem à sua teoria da relatividade restrita (Sobre a Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento). Ele preferia a expressão “teoria da invariância”. Foi outro físico, o Max Planck, quem batizou e popularizou o nome “teoria da relatividade”.

 

A ideia de que tudo é relativo é muito ruim porque atribui aos sujeitos o poder de definir os parâmetros das leis físicas, como se a realidade não fosse objetiva. Ora, uma física subjetiva, ao gosto do freguês, é um absurdo!

 

A extrapolação dessa peregrina ideia para as ciências sociais só piora a situação. Trata-se de um exercício de “impostura intelectual”, por contrabandear conceitos de uma ciência exata para domínio completamente diferente, irredutível a fórmulas físico-matemáticas.

 

Além de piorar a compreensão dos fenômenos sociais, essa prática ceva a ilusão de que seríamos indivíduos isolados em mundos ou bolhas paralelas. 

DENTRO E FORA
REPORTAGEM ENSAIO

NICOLAU NA CASA, NA COMIDA, NA ALMA

por Miguel Boaventura

foto: Celso Oliveira

Não pensem que vão se livrar do assunto. Vamos continuar falando de política, sim. Da política verdadeira, aquela que foi inventada para cuidar, organizar o bem de todos, pelo menos teoricamente. O Machiavel também falou sobre as manobras para a manutenção do poder. Só que aqui o foco é a missão desse lugar de poder, como dizem hoje.

Para que serve um político? Quando alcança as instituições, legislativas e executivas, serve para consertar, construir, com planejamento e ação pertinente, as providências para que essa pretendida civilização funcione para a vida e não para a morte, como está sendo cada vez mais o caso.

Senão vejamos. Marx preconizava que a tecnologia nos libertaria do trabalho alienante, dando-nos espaço para atividades mais interessantes. Resumindo aqui de modo grosseiro, perdoem-me os acadêmicos, mas isto aqui é um arremedo de ensaio, para colocar as cartas na mesa e tentar virar o jogo.

A péssima conclusão é que a tecnologia oprime mais do que liberta. E não está a serviço da maioria. Nada contra a tecnologia, por favor. Vocês entendem, não é possível! Os mais de cem mortos em Recife, em consequência das chuvas, e todos os outros em diferentes regiões do Brasil, são a prova inequívoca disso. E não adianta por a culpa nos eventos climáticos, nem vir com a conversa de que isso acontece no mundo todo. No Brasil, um país imenso e rico, é bizarro o descontrole, a indiferença e o cinismo dos entes públicos diante do que se repete, ano a ano.

São milhões de brasileiros vivendo em condições precárias de habitação. Mais de cinco séculos depois de encerrada a idade média ainda há gente sem teto, ou sob tetos que desabam e matam essa mesma gente. Não tem segredo. É garantir que TODOS tenham uma casa segura, com acesso a água potável e a coleta de esgoto, saúde e educação públicas, áreas verdes, empregos de qualidade, cultura e lazer. Estamos longe disso! O máximo que se fez foi construir depósitos de excluídos.

Renato Anelli, que coordena estudos sobre as condições de habitação nas cidades brasileiras, deixou claro: não se faz porque não se quer. E ainda se tem a coragem de acusar a população, largada à própria sorte, de imprudência…

Há recursos, tecnologia, capacitação e obviamente, demanda. E antes que venha a grita dos liberais de plantão, a tal da economia, que na verdade só deveria existir para servir à maioria, iria bem melhor com cidadãos comento e morando bem.

Assunto amplamente repetido, este, mas imaginem vocês se não fosse. O meu intento, aqui, é lembrar que não podemos nos habituar com o descalabro.

Sei que sou chato. Sou assim. E como diz a tia da Mila Marques, OUTROS NEM ASSIM SÃO!

 

*Com dupla residência entre Lisboa e Brasília, Miguel Boaventura é arquiteto urbanista e escreve por vocação e obrigação. Pessimista por consciência, luta para resgatar a esperança, a cada indignação.

HISTÓRIAS DE HISTÓRIAS

PARTILHA DE MUNDOS

por Lia Raposo

Quem não gosta de histórias bem contadas? Há séculos que viajantes contam seus périplos por lugares variados, tornando férteis os olhos de mais pessoas, que vão junto na viagem embarcados na Contação. Assim é o livro mais recente de Cristovam Buarque, um contador exímio, generoso em compartilhar.

 

Em O MUNDO É UMA ESCOLA, Cristovam nos conta algumas de suas viagens pelo mundo. O que aprendeu com outras culturas, outras gentes, paragens que ficam pertinho nos seus relatos. Dizia alguém, e alguém repetiu, que um livro é um par de asas. E outro alguém que o que nos diferencia é a nossa capacidade de fabular, ficção, fatos, tudo muito misturado quando a ideia é fazer as ideias germinarem a partir de experiências.

 

TRILHA

O mundo é uma escola, por Cristovam Buarque, nas livrarias físicas e virtuais.

 

*Lia Raposo dedica-se a Estudos da Cultura, é redatora de Projetos Culturais, Produtora de Conteúdo e jornalista. Tem 33 anos de muitas dúvidas, algumas certezas e esboços de ousadia. 

APOIO ECOLOGIA
SABEDORIAS E SAPIÊNCIAS

AMOR AO LANCHE

por Alim Amina

A Mila cedeu-me o espaço hoje, que ela anda apegada e não revezou mais comigo. Não fico chateada. Adoro as histórias dela. E esta é dela também.

Há uma série da NETFLIX que se chama Queer Eye e é um reality show que mostra uma equipe dedicada a levantar a autoestima de pessoas que são encaminhadas por familiares e amigos. Eles vão até elas e cuidam do astral com estratégias baseadas no cozinhar, vestir, falar, embelezar e sorrir. São episódios que nos fazem chorar.

Esta semana a Mila fez uma comida com carinho e alegria e levou quentinha para a filha amada. Pensei que podíamos fundar um grupo parecido com o da série, com pessoas da nossa idade levando acolhimentos singelos para tornar o dia melhor. Pode parecer bobagem de velhinha. Quem julgar assim, nunca cozinhou por amor, nunca comeu uma comidinha feita para aquecer o coração.

Ana Márcia, nossa amiga do Domingo, na homenagem publicada no face, à tia que partiu, cita uma frase que diz tudo. Ao chegar a Quixadá, para visitá-la, perguntava-lhe a tia: “Você se alimentou minha filha?”

Falo assim, sem medo de ser e tornar feliz, pois este é um espaço de afetos, de saberes que salvam sem pretensões.  Experimentem. Garanto que as estrelas vencerão as nuvens, incentivando o universo a nos dizer que SIM.

 

*Alim Amina, tem 81 anos, é professora formada mas nunca exerceu. Cearense, estudou em Portugal na adolescência e foi colega de colégio de Mila Marques. Reencontraram-se em Fortaleza, na década de 70, e retomaram a amizade até hoje. Dividem o espaço da Sabedoria dos domingos.

CURADORIAS

PANDEMÔNIO! TÔ NESSA!

BACHIANAS E COMPANHIA

Como parecer que entende de vinhos mesmo sem saber de nada.

Por Sérgio Pires

(ATENÇÃO ESTE ARTIGO SÓ CONTÉM IRONIAS APESAR DE UTILIZAR INFORMAÇÕES VERDADEIRAS)
Quando se deparar com algum destes temas balance a cabeça em negação e fale mal, afinal quem entende de vinho NÃO pode gostar de:
(ATENÇÃO NOVAMENTE: este texto contém fortes doses de ironia)
• bag in box
• uvas Primitivo e Carménère
• Vivino
• Vinho de lata
• Vinhos tintos brasileiros
• Clubes de venda de vinho
• Mesas de queijos e vinhos (coisa superada)
• Regras de harmonização (cada um faz o que gosta)
• Vinhos chaptalizados (mesmo sem saber o que é e quais são)
• Vinhos em que a madeira passa por eles (mesmo sem saber quais são)
• Vinhos com passagem em barrica que não seja de 1º. uso
• Vinhos com menos de 13% de álcool
Quando degustar o vinho de uma destas uvas quem ACHA que entende de vinho TEM que comentar: (ATENÇÃO: as verdades e as ironias continuam)
• Este gewürstrazminer tem aroma de lichia
• O Sauvignon Blanc é da Nova Zelândia? Aroma de xixi de gato
• O Cabernet Sauvignon é do Chile? Tem muito mentol e pimentão verde (pirazina, sugiro decorarem este termo)
• Pinot Noir só da Borgonha (esqueceram que não podem gostar de chaptalização, que é o acréscimo de açúcar ao mosto da uva para aumentar o grau alcoólico do vinho durante a fermentação)
Já lembrei de mais outras daquelas afirmações categóricas: quem entende de vinho não compra suas garrafas em supermercados. Elogia, mesmo antes de provar, os vinhos que estão em garrafas pesadas, com rótulos negros e que tenham aquele buraco do fundo bem grande.
Na verdade, ninguém precisa entender de vinho para gostar dele, esta preocupação em entender pode acabar por prejudicar o prazer em desfrutar desta bebida tão especial. Eu, por exemplo, não entendo nada sobre iogurte, mas gosto muito. Mas, sou professor em cursos de vinhos e não posso deixar de afirmar que a medida que temos mais conhecimento poderemos extrair mais informações do vinho que degustarmos, no mínimo valorizando o nosso investimento financeiro.
Porém o problema está naqueles eno-gênios que quase nada sabem, mas que acham que conhecem muito. Aquele cara com um menor conhecimento sobre vinho, mas, porque toma vinhos caros e famosos se considera melhor qualificado que os especialistas para deitar falação e explicações.
Isto tem até nome na psicologia. É o efeito Dunning-Kruger: quanto menos uma pessoa sabe, mais ela acha que sabe! A explicação para isto é relativamente simples, para estarmos cientes da nossa própria ignorância sobre um tema, temos que ter um mínimo de conhecimento sobre ele. Assim, quem quase não sabe nada, tem a certeza que conhece tudo. Atenção! Não estou me referindo aos Sommeliers de vacina, aqui tratamos apenas de vinho.
Mas, todo mundo sofre do efeito Dunning-Kruger em algum grau; afinal, ninguém consegue ser especialista em tudo. Querem um exemplo, eu aqui sofrendo da Síndrome do Sabe-Tudo e deitando falação sobre o efeito Dunning-Kruger.

Leia mais em: https://super.abril.com.br/comportamento/o-efeito-dunning-kruger-quanto-menos-uma-pessoa-sabe-mais-ela-acha-que-sabe/

TIRINHA

SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA

desenho por Manuela Marques/Roteiro por Tuty Osório
APOIO SUSTENTABILIDADE
HISTÓRIAS DE STERI 10

THEODORA RAINHA

Por Brigitte Bordalo*

Diz a história que Theodora foi imperatriz em Constantinopla, grande amor de Justiniano, forte influência política, muita intelectualidade e nada secretos atributos sensuais.

Nome nada típico de PET, uma amiga escolheu para a sua shitzu, mais para plebeia que para nobre, tal a disposição em se sujar pelo mundo, sem traços da raça criada pelos monges tibetanos, para presentear o imperador da China. Cães de manto em pelo e longos bigodes, apreciadores do chão frio, do escuro, do interior de portas, do conforto indoor.

Theodora é do balaco.

Adora rua e, se não sair, confirma a primazia real dominando a varanda do apartamento. Daí, um tico de STERI 10 já ameniza os odores do território de Theodora.

Não é lenda, não. STERI 10 na realeza canina, que independente de raça, origem, história, sempre impera nos nossos afetos, é amigo e protetor.   

 

*Brigitte é microempresária da gastronomia e da cultura.

CREPÚSCULO

CELEBREM

Passei anos com trauma da palavra celebração. Não conto o porquê. Nem sob tortura. Segredo, gente, foi porque sofri uma tortura real ligada a essa palavra. A luz voltou. Recente. Um dos meus afetos, minha sobrinha e afilhada, Sarah, é Celebrante. Profissão relativamente nova. Alguém que celebra a alegria de muitos, casamentos, batizados, aniversários, despedidas, serenatas. Com ela aprendi a ressignificar essa palavra. E hoje, para mim, celebrar voltou a fazer sentido. Um sentido bom. Que bom que não nos roubam tudo quando nos subtraem algo. Por maior que esse algo seja. Há sempre algo maior para renascer.  

 

Obrigada por estarem com a gente até aqui.

Tuty e Trupe

APOIO LUXUOSO

Em breve, bistrô saltimbanco