Edição N. 53 - 10/07/2022
Orquestra

Realização FORA DE SÉRIE percursos culturais.

Edição Geral: Tuty Osório

Textos: Antônio Carlos Queiroz, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Miguel Boaventura, Sarah Coelho, Tuty Osório,  Jô de Paula, Sérgio Pires, Francisco Bento, Renato Lui, Marta Viana, Alim Amina, Lia Raposo, Yvonne Miller, Elimar Pinheiro,

Fotografia: Celso Oliveira, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Fernando Carvalho

Edição de Fotografia: Manuela Marques 

Projeto Gráfico e Diagramação: Manuela Marques com consultoria de Fernando Brito.

Ilustrações e Quadrinhos: Manuela Marques, Mário Sanders, Alice Bittencourt.

Revisão: Camilla Osório de Castro.

Mídias sociais: Beatriz Lustosa.

Desenvolvimento de Site: Raphael Mirai.

Música: Maurício Venâncio Pires, Alex Silva, Caio Magalhães, Manuela Marques

 

 
ALVORADA

POUCAS PALAVRAS

Esta semana estamos em síntese. Prometemos compensar na próxima. A síntese sucede a tese. A tese é trabalhosa. Sua síntese não é um resumo mas uma antecipação de suas descobertas. Revelaremos daqui a dias o que nos suspendeu em meditação.

 

Começa agora mais um Domingo à NOITE em 2022! 

BRUNO E DOM

SOMOS UNS, OUTROS, MUITOS

Passando por Mato Grosso observo, mais uma vez, a paisagem repleta de referências ancestrais. Brancos, pretos, indígenas, estão nas alegorias, nos rostos, nas mãos. Como uma síntese do Brasil, estas terras atraíram também gente do sul e se fizeram fortes e fracas pela ação da conquista. Hora de unir.

CONTO

NUNCA NÃO

por Tuty Osório

foto: Celso Oliveira

– Mãe, você está triste de novo, o que foi?

-Não estou filha, é cansaço, só.

-Agora você vive assim, mãe. Cansada, cansada, cansada. Estou ficando preocupada.

– Pois não fica filha. Vai passar.

-Sei não…Você nem reclama mais das coisas, mãe.

– Você devia achar bom, filha. Você vive reclamando que eu reclamo demais.

-Não é nem reclamar. São essas análises que você faz o tempo todo das coisas, mãe. Você não está fazendo mais e isso me preocupa. Porque sem analisar não parece você.

-Gente a paz é algo difícil mesmo de se conseguir. Escuta filhinha, não é nada. Eu só estou querendo ficar quieta, um pouco…

-Pôxa, mãe, desculpa se eu me preocupo com você! Tá bom!

-Tô dizendo…São Benedito, eu só quero ficar quieta. Sem analisar, sem pensar. Filha, cuidado não é cobrança, não é opressão.

-Não é isso que você faz quando não quer que eu saia com gente que você não conhece? Você fala que faz isso pra me proteger, que é porque se preocupa comigo. E eu acho a maior opressão, mãe…

-Completamente diferente, filha!

-Só porque não é do seu interesse, mãe!

-Que é isso filha? Eu acho muito legal, sim que você se preocupe comigo. Claro que é do meu interesse. Só estou pedindo um tempo, só isso…

– Pois é. Se eu quero fazer as coisas que eu quero você diz que eu não me preocupo com a sua preocupação. Se eu me preocupo é porque estou tirando teu tempo…Ninguém nunca sabe como te agradar, mãe.

– Mas filha, eu juro que…Quer saber, deixa pra lá! O que é que eu tenho mesmo que analisar hoje?

-Também não precisa debochar, né mãe!

– Ai, ai , ai ai, filha…

–  Lá vem o papo do cansaço… Cruzes mamãe!

ENCONTROS

A poética do improviso e as habilidades dos repentistas

Você conhece a diferença entre a cantoria de viola, o coco de embolada e a poesia escrita de cordel? Se não, saiba tudo sobre a poética dessas artes nordestinas nesta animada conversa da República Popular das Letras com o antropólogo João Miguel Sautchuk, professor da UnB, o cantador potiguar Chico de Assis, e o jornalista Antônio Carlos Queiroz (ACQ).

LAREIRAS MÁGICAS

ESPELHO, ESPELHO NOSSO

por Camilla Osório de Castro

A República das Maldivas é um pequeno país insular localizado no Oceano Índico mais conhecido no Brasil pela incidência de blogueiras que viajam até ali especificamente para alimentar suas redes sociais com fotos de biquíni nas paradisíacas praias locais. O nome do país batiza o condomínio fictício na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, onde se passa a série também chamada Maldivas, da atriz e roteirista Natalia Klein, que estreou em junho, na Netflix. 

 

A trama gira em torno da misteriosa morte de uma moradora do condomínio Maldivas investigada pela polícia; e também pela jovem Liz Lobato que finalmente tinha descoberto o paradeiro de sua mãe, há anos desaparecida, chegando ao Maldivas justamente no dia do incêndio que a matou. Liz então decide alugar um apartamento no condomínio e fazer amizade com Rayssa, Mileni e Kati, moradoras do condomínio e principais suspeitas do crime, para tentar descobrir o que aconteceu.

 

À primeira vista Maldivas pode parecer tão superficial quanto as pessoas que retrata. A trama de investigação e as imagens de divulgação que abusam de cores vibrantes, em especial o rosa choque, apelam para uma estética do feminino em seus aspectos mais rejeitados pela sociedade: o feminino associado ao frívolo, ao frágil e ao intelectualmente medíocre.

 

Para fechar, a presença de Bruna Marquezine e de Manu Gavassi no elenco contribuem para reforçar uma impressão de que Maldivas é uma série “de menininha”. E é claro que tudo que é de menininha deve ser ruim e bobo.

 

Contudo, como a própria narrativa da série aponta o tempo todo, nada é o que parece. Maldivas revela-se uma crítica ácida e extremamente bem-humorada da alta sociedade e seus podres poderes. A crítica é sutil e sofisticada e vai sendo costurada com cuidado, sendo extremamente prazeroso percebê-la aos poucos e ir se deixando surpreender entre sustos e risadas pelo desenrolar da história.

 

O preconceito que desenvolvemos ao início vai caindo por terra já que até mesmo as dondocas do Maldivas não são tão fúteis, frívolas ou estúpidas quanto o nosso senso comum nos leva a supor. Cabe salientar que Bruna Marquezine e Manu Gavassi não são apenas jogadas de marketing, seu desempenho na série é impecável.

 

Por fim, Natália Klein tem a qualidade primordial para qualquer criador, em especial os humoristas, – a de não se levar tão a sério.

 

Em seu trabalho mais famoso, a série do Multishow “Adorável Psicose”, Natália já revelava a habilidade em realizar reflexões interessantes, a partir de uma comédia autorreferencial, sem cair no narcisismo.

 

Em Maldivas essa autorreferência é um pouco mais ampla: tira-se sarro do país. Mas não é um deboche com desprezo e sim com energia de mudança; porque o afeto do riso pode ser, sim, uma potência de transformação.

 

TRILHA

Série MALDIVAS, por Natália Klein, na NETFLIX

 

* Camilla Osório de Castro é cineasta e produtora cultural.  Pesquisa o Bem Viver. Mora no mundo, entre cidades. Acredita que sonho que se sonha junto é realidade.

MÚSICA

Atrás Da Porta

por Elis Regina

What A Difference A Day Makes

por Dinah Washington

ACQ

Manoel Carvalho, band leader batuta

por Antônio Carlos Queiroz

Antônio Carlos Queiroz (ACQ) – Guia Musical de Brasília n° 10

 

A Brasília Popular Orquestra (Brapo), uma das mais antigas big bands do Brasil, completa 40 anos no próximo dia 28 de outubro. Seu fundador, o maestro Manoel Carvalho de Oliveira, 74, continua firme à sua frente, tentando voltar à normalidade na pós-pandemia.

 

O maestro recebeu o editor e o publisher do Guia Musical de Brasília na sua aprazível casa próxima à Ermida Dom Bosco, cercada por uma densa mata com córregos e bichos, onde ele costuma fazer caminhadas. Foi um papo inspirador.

 

De início, o maestro contou a sua origem em Palmares, Pernambuco, filho, entre uma turma de onze, de um ferroviário que arranhava o violão e tinha ligação com a banda de música municipal. Quando completou nove anos, Manoel ganhou uma clarinetinha e a ordem para começar a estudá-la. Logo um vizinho que tocava saxofone foi contratado para lhe dar aulas. Com a demonstração de certa facilidade, iria ganhar o próprio saxofone aos 13 anos.

 

Foi nessa época que ele passou a estudar com o maestro paraibano José Ramos da Justa, que lecionava música e canto orfeônico. Diz Manoel que José da Justa nunca lhe deu uma aula de clarineta. Preocupava-se muito mais com as lições de solfejo e com a “essência da música”. Dispunha de uma vasta biblioteca musical. “Era um músico completo, compositor, arranjador, um gênio perdido no interior de Pernambuco. Foi o melhor professor de música que eu tive na vida”, crava.

 

Logo em seguida o nosso maestro cogitou a formação de uma banda, provavelmente inspirado na Jovem Guarda.  O nome foi emprestado do band leader ítalo-americano Henry Mancini, pioneiro em levar o jazz para as trilhas de cinema. Mesmo sendo o caçula da turma, o nome que sugeriu pegou: “Os Mancines”, com “e” mesmo. Durante cinco anos a banda fez grande sucesso, percorrendo várias cidades de Pernambuco e Alagoas. Uma vez, acompanhou um dos ídolos da Jovem Guarda, Vanderley Cardoso.

 

Fraseado – O gosto e o conhecimento musical do maestro continuariam, em casa e nas turnês dos Mancines. Em casa, seu pai continuava comprando discos de 78 rotações, incluindo os vozeirões de Orlando Silva, Nelson Gonçalves e Ângela Maria, sempre acompanhadas por orquestras brilhantes. (Aqui o maestro imita um fraseado de acompanhamento do Nelson Gonçalves com um clarone, a clarineta baixo: “totot.. ototototo… tototo”. É claro que todos nós rimos).  

 

O palco da Rádio Cultura de Palmares também serviu para o aperfeiçoamento dos Mancines. Seu dono, Paulo Marques, convidava a turma para ensaiar no auditório e quando alguma música ficava pronta, ele pedia: “Vamos jogar no ar”!

 

A banda de música municipal, conta Manoel, tinha ligação com a prefeitura e com a Great Western, a companhia inglesa que explorava a rede ferroviária de Pernambuco. “Os ingleses eram muito ligados à música, e fizeram lobby para convidar um sargento da PM do Recife para ser o regente da banda, a Banda 15 de novembro”. A manobra deu certo. Logo chegou a Palmares o sargento Getúlio, que além da regência da banda, assumiu também o posto de delegado da polícia local. “O Getúlio era um cara espetacular. Foi meu segundo pai, inclusive. Ele acompanhou meu crescimento, a minha trajetória. Mas eu só tinha 14 anos, e meu pai ficava preocupado. Daí ele disse ‘Deixe o menino aproveitar seu tempo’”.

 

“Tempos depois – continua o maestro –, o Getúlio me perguntou se eu não queria um trabalho mais definitivo do que a banda, ‘quem sabe fazer o concurso para a banda da PM no Recife? Se quiser eu te aviso quando você completar 18 anos’. Foi o que aconteceu. Quando eu completei a idade ele mandou me chamar, eu fiz o concurso. Era um banda enorme, mais de 100 homens. O regente pediu para eu tocar alguma coisa, eu toquei uma polca do Jair Pimentel, a Risada da Chiquinha – pápápápá rapapá papá! Como já dominava o palco, foi fácil. O pessoal parou, gostou, aplaudiu. Daí o regente perguntou se eu lia partitura, e pediu para eu pegar uma na estante, antes de me mandar fazer o teste escrito. Resultado: fui aprovado e contratado como terceiro sargento”!

 

Manoel trabalhou ano e meio na banda da PM, alternando os finais de semana com os Mancines em Palmares, a 100 km de distância. Só saiu de lá quando se mudou para Brasília. “Certo dia um oficial da PM, o Soares, um pernambucano, mandou um aviso procurando candidatos para entrar na banda da PM que ele estava organizando em Brasília. Os candidatos deviam se apresentar na casa da mãe dele no Pina, um bairro do Recife. Eu fui, ele mandou eu tocar algumas coisas, e no final fui aprovado”.  Manoel teve que pedir demissão da PM e despedir-se da família e dos amigos, mas o mais difícil foi inventar uma desculpa para encerrar o namoro com uma mulher mais velha do que ele. Disse que iria para Brasília fazer um “curso de aperfeiçoamento”.

 

O maestro chegou em Brasília em 1968, quando a cidade tinha apenas oito anos desde a inauguração. “Muita poeira, muita coisa nova, tudo muito vazio. O aeroporto ainda era de madeira. Uma aventura, com muita esperança”.  Ele ficou hospedado no hotel de trânsito da Base Aérea quase um ano. Estava terminando o científico e tinha ideia de fazer engenharia, embora não fosse bom de matemática. Fez um acerto para rachar a gasolina do fusquinha de um colega que também estudava à noite, no Colégio Elefante Branco. A banda da PM de Brasília, diz, era uma das melhores do País. Participava das solenidades oficiais, inclusive da posse do general Costa e Silva.

 

Santoro – Para não ficar parado na Base Aérea, ele resolveu continuar estudando à noite, Ciências Econômicas, na UDF. Surgiu então a oportunidade de fazer o curso de clarineta na UnB. O professor, Gonzaguinha, montou o curso mas faltavam alunos. O problema é que o curso era de dia. Quando descobriu que um regente da banda da PM estava cursando música na UnB, perguntou-lhe se não poderia obter uma autorização para fazer o mesmo. A autorização foi concedida. Em princípio, ficou como aluno especial, depois matriculou-se regularmente, aproveitando créditos do curso na UDF. Quando estava concluindo o bacharelado, descobriu que precisava da licenciatura para fazer o concurso da Escola de Música de Brasília. Tomou providências e completou as matérias necessárias. Em seguida surgiu a oportunidade para integrar a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, criada em maio de 1980 pelo maestro Cláudio Santoro, de quem havia sido aluno na UnB. Obviamente, teve que se desligar da banda da PM.

 

O maestro Manoel Carvalho lecionou durante 30 anos na Escola de Música, de início como professor temporário. Sob o comando do maestro Levino de Alcântara, fundador da escola, organizou bandas sinfônicas com as turmas matutina, vespertina e noturna. A organização das big bands tornou-se inclusive disciplina regular nos tradicionais Cursos Internacionais de Verão. Depois, na gestão de Carlos Galvão, incubou ali mesmo a Brasília Popular Orquestra (Brapo), da qual participaram vários professores da Escola. Desde o início a Brapo conheceu o sucesso. Tocou na  Sala Martins Pena do Teatro Nacional, e sempre se apresentava no antigo restaurante Moinho.

 

Quem teria inspirado o nosso maestro para criar a Brapo? O primeiro nome que aparece, claro, é a Orquestra Tabajara, comandada durante 70 anos pelo maestro Severino Araújo. Também foram referências as bandas dos maestros Cipó e Nailor Proveta.

 

À queima-roupa, perguntamos quem seriam os seus três compositores favoritos? “Clássico ou popular?”, pergunta ele. “Compositores de música boa”, provocamos! O maestro ri e carimba: “Duke Ellington é o carro-chefe, um gentleman!”. Menciona também Stan Kenton, Woody Herman, Quincy Jones, e só depois cita Glenn Miller e outros maestros “mais comerciais”, como Paul Mauriat e Ray Conniff.

 

Nossa conversa chega ao fim. Com grande paciência o maestro nos convida para mostrar os fundos de sua casa, voltados para a exuberante mata referida no início deste texto. A gente agora compreende por que o trombonista paraibano Radegundis Feitosa costumava dizer que Manoel Carvalho de Oliveira “é tão calmo que dá sono em pé de maracujá”. Com seu jeito de professor nato, disposto a compartilhar sua rica experiência de vida com os interlocutores, é óbvia a razão do maestro ser digno de tanta admiração por parte de dezenas de músicos de Brasília. 

REPORTAGEM ENSAIO

LEITE DERRAMADO

por Miguel Boaventura

foto: Celso Oliveira

A memória pode ser benção e armadilha. Sisudo e maldisposto, como sou, prefiro não me lembrar de certas coisas. Ao mesmo tempo cultivo uns rancores de estimação, daqueles que quase viram identidade e sobrevivência de uma alma meio que, penada, em alguns sentidos.

Devo, no entanto, elevar a memória à condição de diva indispensável à nossa tão miserável existência. Nesta inconstância entre ser pessimista vestido de realista, e otimista vestido de bem-intencionado, consigo constatar como é fundamental ter baús de recordações acalentadas com saudade e carinho.

Podem ser perdas e ganhos. Dizia o Boaventura que inspirou meu nome a meu pai, que devemos sim, chorar o leite derramado, sob pena de, por não chorarmos, aí, sim, nos secarem as lágrimas. A emoção e a consciência exigem uso, treino e hábito. Como aquele que faz o monge em seu horto de clausuras que o encaminham à luz.

Assim é a memória que nos acalenta, nos ensina, nos acalma ou nos sobressalta em atitudes urgentes e necessárias. Involuntária, ou cuidadosamente escolhida e guardada em caixas perfumadas de lavanda, não importa. É ela um alimento, um nutriente de nossos dias tão esfacelados de referências.

Faz-nos a memória fortes, atentos, destemidos. Trata-se de memória a obra de Machado, de Eça, de Chico Buarque, Clarice e Adélia. E de muitas e muitos.

Somos histórias, somos ritos, somos rodas em torno de fogueiras vivas, imaginárias. Por isso o doce abriga o azedo, o sabor acolhe a inanição, a esperança vence o medo.    

*Com dupla residência entre Lisboa e Brasília, Miguel Boaventura é arquiteto urbanista e escreve por vocação e obrigação. Pessimista por consciência, luta para resgatar a esperança, a cada indignação.

SABEDORIAS E SAPIÊNCIAS

AS ÁRVORES PARTEM DE PÉ

Por Mila Marques

Tenho estado muito ausente, mas quando leio o “DOMINGO” lamento sempre não ter algo escrito por mim. Importante para uma pessoa de 82 anos conseguir selecionar pensamentos e colocá-los no papel. Faz- me muito bem conseguir.

 

Estive doente e com algumas preocupações que me impediram de me concentrar. Quando isso me acontece procuro ler e o que mais me relaxa é a leitura de pequenos poemas.  

 

Assim, garimpando os meus livros, encontrei ” Poemas Escolhidos” de Antônio Gedeão, com poemas lindíssimos. Comprei em 1999 numa feira do livro em Lisboa. Encontrei um especial, que quero passar aqui para vocês. Aliás Já o li num dos nossos pequenos saraus familiares é o “Poema da Árvores”.          

 

“As árvores crescem sós.

E a sós florescem.

Começam por ser nada.

Pouco a pouco se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.   

Crescendo deitam ramos, e os ramos, outros ramos, e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.                   

Depois por entre as folhas, vão se esboçando as flores, e então crescem as flores e as flores produzem frutos e os frutos dão sementes, e as sementes preparam novas árvores.              

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.

Sem verem, sem ouvirem, sem falarem. Sós. De dia e de noite. Sempre Sós.             

Os animais são outra coisa. Contatam-se, penetram-se, trespassam-se fazem amor e ódio, e vão à vida como se nada fosse. As árvores, não.

Solitárias, as árvores exalam terra e sol silenciosamente.                

Não pensam, não suspiram, não se queixam.

Estendem os braços como se implorassem; com o vento soltam ais como se suspirassem; e gemem, mas a queixa não é sua. Sós, sempre sós. Nas planícies, nos montes, nas florestas, a crescer e a florir sem consciência.                     

 Virtude vegetal viver sós e, entretanto, dar flores.”

 

Ao ler e refletir sobre este poema e selecionar para o pôr aqui, concluo dizendo como é boa essa virtude vegetal.

Viver a sós e, entretanto, dar flores!         

 

Com Amor, conseguiremos nunca sentir solidão, mas sim tranquilidade para ,ao compartilhar os momentos, deixar crescer a esperança de dias melhores para todos nós.                       

 

 Essas serão as flores!!!      

 

O compartilhamento do amor com os filhos, netos, amigos, todos que nos rodeiam.

 

E, então, mesmo sós, o nosso jardim será imenso!

 

*Mila Marques, 82 anos, é dona de casa, mãe, avó, artesã das linhas e das letras, leitora aplicada, portuguesa, brasileira, viúva e Sapiente demais. Mora em Fortaleza, a algumas quadras do mar, entre plantas, objetos e muitos, muitos afetos.

APOIO ECOLOGIA
TIRINHA

SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA

desenho por Manuela Marques/Roteiro por Tuty Osório
APOIO SUSTENTABILIDADE
HISTÓRIAS DE STERI 10

DESPRENDE OS MEUS PÉZINHOS

Por Brigitte Bordalo*

Minha amiga Amália gosta de sapatos fechados. Mesmo no calor, prefere sapatilhas de lona, couro, o que for, a sandálias. Tem uns pés quase sem calosidades. Em compensação tanto abafamento no calçado traz uns odores aos pisantes.

 

Existem talcos, sprays, loções variadas para aplicar no próprio calçado. Outro dia, na falta por ter esquecido de comprar, Amália experimento o STERI 10 na sapatilha e não é que funcionou mais que a encomenda da intenção?

 

Passou a fazer isso, inclusive quando tem vontade de se descalçar e fica encabulada. Um esguicho dentro do sapato e foi-se o incômodo. Mais uma pra caixa de utilidades do STERI 10. Já, já, ganha do Bom Bril!

*Brigitte é microempresária da gastronomia e da cultura.

CREPÚSCULO

FAZER DOS OUTROS O PARAÍSO

Tarefa difícil. Muitas vezes a máxima sartreana prevalece e haja inferninhos se reproduzindo. A sabedoria está em chamar a fluidez da serenidade, para a alegria ganhar a cena e a consciência conseguir vencer a angústia.  

 

Obrigada por estarem com a gente até aqui.

 

Tuty e Trupe

APOIO LUXUOSO

Em breve, bistrô saltimbanco