Edição N. 50 - 19/06/2022
Orquestra

Realização FORA DE SÉRIE percursos culturais.

Edição Geral: Tuty Osório

Textos: Antônio Carlos Queiroz, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Miguel Boaventura, Sarah Coelho, Tuty Osório,  Jô de Paula, Sérgio Pires, Francisco Bento, Renato Lui, Marta Viana, Alim Amina, Lia Raposo, Yvonne Miller, Elimar Pinheiro,

Fotografia: Celso Oliveira, Camilla Osório de Castro, Manuela Marques, Fernando Carvalho

Edição de Fotografia: Manuela Marques 

Projeto Gráfico e Diagramação: Manuela Marques com consultoria de Fernando Brito.

Ilustrações e Quadrinhos: Manuela Marques, Mário Sanders, Alice Bittencourt.

Revisão: Camilla Osório de Castro.

Mídias sociais: Beatriz Lustosa.

Desenvolvimento de Site: Raphael Mirai.

Música: Maurício Venâncio Pires, Alex Silva, Caio Magalhães, Manuela Marques

 

 
ALVORADA

BRUNO e DOM

Passei a infância num lugar sem TV. Sentada na grande poltrona da sala, folheava a Revista Cruzeiro que atravessava o mar. A radionovela com suas tempestades perfeitas, as vozes intensas, a música dramática na hora suprema, preenchia as noites, até meu pai se interessava em acompanhar, a família reunida em volta de um aparelho de rádio muito moderno para a época. Já contei aqui que cheguei a ser âncora de programa infantil e foi nesse tempo que sonhei em seguir o teatro. Mais tarde, no Brasil, a adolescência trouxe-me o desejo pelo jornalismo, pela investigação, pelas emoções da reportagem. Acabei ficando pelo caminho. Sou jornalista, só que não no modelo sonhado. E estou devendo à dramaturgia um tantinho da dedicação que prometi. O que quis mesmo foi a determinação que abraçar causas exige. Tive-a, por vezes, porém jamais como os dois valentes sacrificados cruelmente por denunciar o terror, a exploração de vulneráveis, a crueldade que destrói por ganância. De alguma maneira apertamos os mesmos gatilhos que os abateram. Por alienação a uma vida confortável, sentados ainda, na grande poltrona. E estamos um pouco mortos por dentro, pela omissão que cede espaço ao mal, que avalia, por ingenuidade ou hipocrisia, que não tem problema, são só visões de mundo diferentes. Não, não são só isso. São visões que matam efetivamente, simbolicamente e concretamente. De novo, ONDE ESTÁ O NOSSO CORAÇÃO?    

 

Começa agora mais um Domingo à NOITE em 2022! 

CONTO

ARINUGUÊ

por Tuty Osório

Foto de Tanguy Sauvin

– Mãe, estou com vontade de aprender umas coisas, tipo o idioma dos povos originários?

-Não é o idioma, são muitas línguas e muitos povos, filha.

-Sim, que seja, mãe. Tenho vontade de aprender. Essa palavra que você pregou na porta da geladeira, significa o quê?

-Água Tranquila. Escrevi para me inspirar serenidade, filha. Ando muito agitada!

-E que diferença vai fazer a palavra na geladeira, mãe?

-É uma forma de me lembrar que há sabedorias bem próximas que podem nos ajudar a viver com mais paz. E a não querer além do que é necessário para viver com conforto. Sei lá, filha, ouvi no programa do Rodrigo Hilbert, de um convidado dele que vive no sul da Bahia e achei a simbologia bacana…Não tem muito porquê. É questão de sentimento, não é palpável, nem explicável.

-Sabe mãe, a gente devia se aproximar mais desses conhecimentos dos povos indígenas. Sério mesmo. Temos sorte de descender deles, de tê-los bem perto e não aproveitamos. Devia ser natural. Fazer parte do nosso dia a dia, que nem essa palavra escrita na geladeira.

-E faz, filha. Realmente precisamos ativar mais a nossa consciência para esse fazer parte e expandir isso. No dia a dia. Conhecer melhor e encontrar o lugar dessa cultura em nós.

-Mãe, quando você diz que as palavras perdem a força porque ficam sendo repetidas levianamente é muito sério isso que você diz. Não fica com raiva porque eu estou te lembrando o que você diz. Essa parte tem que lembrar mesmo.

-É filha. Mais cuidado com as palavras. Conhecer e amar para combater essa agonia em que estamos acuados. É urgente cuidar das palavras, também. Voltar a acreditar no poder de união e de luta que elas têm. Obrigada filha!

-De quê, mãe?

-Por segurar a minha mão e me dar coragem.

O BEM VIVER

AVISA LÁ!

por Camilla Osório de Castro

via https://www.itatiaia.com.br

Muito tem sido dito a respeito do desaparecimento de Bruno Araújo e Dom Phillips no Vale do Javari, deste modo pularei a introdução e vamos direto ao ponto. O que mais me chama a atenção para a cobertura jornalística deste acontecimento trágico é o tom punitivista da maioria. Uma fala da jornalista Mônica Waldwogel durante o programa “Globonews em Pauta” utilizava termos como “acabar com a bandidagem” referindo-se a como vingar essas mortes.

A sensação que eu tenho é que muitos ainda não compreenderam que a guerra que travamos neste momento é muito maior e “vingar” não é suficiente nem eficaz.

Em seu artigo “ Não é incompetência nem descaso: é método”, publicado no Nexo Jornal, Eliane Brum, que era amiga das vítimas, foi impecável: “Tenho tentado explicar a pessoas próximas que não há escolha entre lutar e não lutar. A escolha é apenas entre escolher viver lutando ou esperar que a guerra mate tudo aquilo que você ama e respeita. Nas cidades do Centro-Sul do Brasil essa ilusão ainda pode ser alimentada e distraída pelo consumo e pelos produtos de entretenimento. No coração da Amazônia, no Cerrado e em outros biomas, essa ilusão é impossível. A guerra está conosco todo dia – e ela não dá tréguas.”

A guerra a qual se refere Brum não é contra a dita “bandidagem”, este termo genérico que na maior parte das vezes é utilizado para marginalizar pessoas pretas e pobres em nosso país. As pessoas que estão financiando esta guerra provavelmente são muito mais próximas a Elon Musk do que a Amarildo da Costa Oliveira, que confessou o crime. Mas não importa o quanto os bilionários destruam, matem, explorem ou atrasem as mudanças urgentes que precisamos fazer se quisermos salvar a humanidade da extinção, eles dificilmente serão chamados de bandidos. 

Cabe aqui lembrar que tanto Bruno quanto Dom cujos nomes estão sendo utilizados para levantar a bandeira do encarceramento e da sede de vingança que a classe média confunde com justiça, eram os primeiros a defender que a maior parte das pessoas atraídas para o crime naquela região o fazia por vulnerabilidade socioeconômica e não era mais polícia e mais prisão que iria resolver os problemas que eles mesmos estavam arriscando a vida para ajudar a solucionar.

Esclareço que não estou defendendo que os responsáveis por apertar o gatilho não sejam punidos. Apenas lembro que o provável responsável, quem mandou, quem pagou, tem que ser revelado. Lembro ainda que assim como o caso de Marielle e Anderson, a punição está muito longe de resolver o problema.

Por fim, sublinho que o uso da palavra “bandido” e “bandidagem” apenas reforça um estigma que nos afasta dos pontos que realmente precisamos atacar : a quem interessa destruir a Amazônia? Quem financia essa destruição? Quem lucra mais com o desmonte do Ibama e da FUNAI do que com a implementação de melhores práticas na nossa economia de modo geral?

É urgente, portanto, reconhecer que há uma guerra acontecendo agora e se hoje não é possível escolher se iremos ou não sobreviver, que possamos ao menos decidir como iremos morrer.

Podemos morrer defendendo uma alternativa ética a este horror ou podemos morrer defendendo nossos opressores e perseguindo aqueles que são ainda mais oprimidos que nós na ilusão de que é a superioridade de classe que irá nos salvar do abismo.

TRILHA

 “Não é incompetência nem descaso: é método”, por Eliane Brum :https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2022/N%C3%A3o-%C3%A9-incompet%C3%AAncia-nem-descaso-%C3%A9-m%C3%A9todo

© 2022 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA.

* Camilla Osório de Castro é cineasta e produtora cultural.  Pesquisa o Bem Viver. Mora no mundo, entre cidades. Acredita que sonho que se sonha junto é realidade.

MÚSICA

MAIS MANINHA

por Maurício Venâncio Pires

Somos 4 irmãos, dos quais uma …

A vida nos ensina muito, há 30 anos perdemos os nossos pais em um espaço de 15 meses e isso nos aproximou ainda mais de uma forma, enfim, não desejada e me pergunto: se fôssemos 4 marmanjos como seria? Mas não, os 3 moços têm uma …
Se um adoece, ou tem algum problema é ela a primeira a se preocupar, consegue conciliar o fato de ser mãe e esposa com a “tarefa” adicional de ser …
Por tudo isso, ao escolher esta música, não pude deixar de querer prestar um agradecimento para a …
Obrigado por tudo, Norminha.

A diferença que faz um artigo

por Antônio Carlos Queiroz

 

Antônio Carlos Queiroz (ACQ), 17 de junho de 2022

Camaradas e amigues, me permitam um primeiro pitaco sobre o novo samba do Chico, um “clássico instantâneo”, como disse o músico amigo meu Carlos Afonso.

Por enquanto não vou discorrer sobre as riquezas do samba de pegada cubana, como a Márcia Tauil percebeu, que pretendo aprender até a hora da janta… Quem canta, o Bozo e o Capeta espanta!

Vai aqui só a modesta anotação de uma descoberta que acabo de fazer na quarta estrofe, aquela que começa com o gol de bicicleta, assim transcrita no lyric video da Biscoito Fino e em todas as páginas de letras de música:

“Fazer um gol de bicicleta 

Dar de goleada 

Deitar na cama da amada 

Despertar poeta 

Achar a rima que completa o estribilho”

 

Depois de ouvir o samba pela terceira vez, eu percebi que faltava alguma coisa no texto, e que essa coisa é o artigo definido “a” depois do verbo “despertar”.  

Ora, deitar na cama da amada e acordar que nem poeta é trivial, né? Quem já não? Como o Chico não é trivial, eis o que de fato ele canta:

“Deitar na cama da amada
Despertar a poeta
Achar a rima que completa a estribilho”

Ouçam e confiram, uai!

O que quer dizer esse trecho com o devido artigo definido “a” antes do verbo “despertar”? Significa que o sambista não se deita com a musa para achar a rima que vai completar o estribilho. Na verdade, ele desperta a poeta que há na amada. E, portanto, a rima (a solução!) será encontrada em conjunto pelos dois amantes, ambos poetas, muso e musa!

O Chico é foda, né não?

ACQ

por Antônio Carlos Queiroz

REPORTAGEM ENSAIO

5 MIL ANOS DE PRAIA

por Miguel Boaventura

foto: Celso Oliveira

Ouvi sobre um livro que conta a história de 5 povos que sobreviveram a mais de cinco mil anos de história. São eles os chineses, os indianos, os judeus, os iranianos, os gregos e os armênios. A citação foi de Cristovam Buarque que prontamente acrescentou que os indígenas do território hoje chamado brasileiro ficaram de fora.

 

Faço a minha reflexão. Se nós, brasileiros, não tomamos o conhecimento que deveríamos a respeito desses povos, como poderia um estrangeiro fazê-lo? Até poderia, tem muitos estrangeiros estudando e revelando os povos indígenas, um deles acabou de ser assassinado por isso. O jornalista inglês Dom Philipis foi executado na Amazônia, junto com o indigenista Bruno Pereira, exatamente por estudar e revelar ao mundo o que acontece com esses povos.

 

Aqui não é lugar para tratado acadêmico e não sou capaz de escrever os longos e maravilhosos artigos de Eliane Brum. Há, contudo, alguns pontos que quero abordar, mesmo que tangencialmente.

 

Há uma retórica segundo a qual os indígenas têm o direito de escolher se querem desenvolver atividades econômicas ligadas ao garimpo, à pecuária, à exploração de madeira, todas essas que colocam em risco o equilíbrio da natureza, essencial para a sobrevivência de muitas espécies, inclusive a nossa. 

 

Acontece que quem defende isso desconhece o significado da palavra direito. Ninguém, por conjunto de leis nenhum, tem direito de se autodestruir e de destruir os outros que não escolheram o caminho da destruição. Alguns indígenas são aliciados a defender essas práticas por falta de informação e de condições de vida. A maioria clama por proteção e respeito e nos dá em troca, sem pedirmos, a preservação da floresta, tão essencial.

 

Não tem discussão. Faz parte de nossa origem, de nossa cultura, de nossa verdade. A floresta, seus povos, seus costumes e saberes. É um absurdo destruir isso em nome de falsas prioridades de sobrevivência econômica. É urgente que todos nós, a classe média brasileira, entremos no mérito de que é salvando valores e não matando pessoas que teremos um mínimo de futuro realmente civilizado pela frente.

 

Quando digo valores não são moralismos idiotas. Refiro-me a um princípio bem cristão, aliás: AMAR A TODOS, incondicionalmente. Partindo dessa máxima que parece ser tão inteligível, já que está registrada como tendo sido proferida pelo Cristo, podemos prestar atenção que não foi matar a todos, nem matai-vos uns aos outros que ELE disse que era pra ser.

 

Em vez de ficarmos por aí repetindo frase feita, vamos começar a fazer alguma coisa mais eficaz que matar. Muita gente boa continua morrendo na luta por essa evidência.

 

*Com dupla residência entre Lisboa e Brasília, Miguel Boaventura é arquiteto urbanista e escreve por vocação e obrigação. Pessimista por consciência, luta para resgatar a esperança, a cada indignação.

HISTÓRIAS DE HISTÓRIAS

SOMOS CULTURA

por Lia Raposo

“O ponto de ônibus era em frente à catedral. Eu tinha ido ver o mapa múndi, com seus rios saindo do paraíso, e a biblioteca acorrentada. Um grupo de religiosos conseguiu entrar sem problemas, mas eu tive que esperar uma hora e bajular o sacristão antes de conseguir entrar e dar uma espiada nas correntes. Agora, do outro lado da rua, um cartaz no cinema anunciava o Six Five Special e um desenho animado das Viagens de Gulliver. O ônibus chegou, o motorista e a cobradora totalmente absortos um no outro. Saímos da cidade, atravessamos a ponte velha e seguimos em frente, passando pelos pomares e pastos, e pelos campos com a terra vermelha sob o arado. Adiante estavam as montanhas negras e começamos a subir, observando os campos escarpados chegando até os muros cinza, e mais além, as partes onde a urze, o torgo e os fetos ainda não tinham sido arrancados. A leste, ao longo do cume, estava a linha cinzenta dos castelos normandos; a oeste a fortaleza formada pela encosta das montanhas. Então, quando continuávamos a subir, o tipo da rocha foi mudando a nossos pés. Aqui, Agora, havia calcário, e a marca das antigas fundições junto à escarpa. Os vales cultivados com duas casas brancas esparsas foram ficando para trás. Mais adiante estavam os vales estreitos: o laminador de aço, o gasômetro, os socalcos acinzentados, as bocas das minas. O ônibus parou, e o motorista e a cobradora desceram, ainda absortos. Eles já tinham feito esse caminho tantas vezes, e percorrido todas as suas etapas. Trata-se, de fato, de uma viagem que, de um modo ou de outro, todos nós já fizemos.”

In A cultura é algo comum, Recursos da Esperança, por Raymond Wlliams

 

Raymond Williams, pensador da cultura, um dos maiores, senão o maior, em língua inglesa, mas tão capaz de ler todas as versões da nossa humanidade. Uma das obras diversas que nos legou, estes RECURSOS pretendem nos fazer continuar a acreditar. Dizia ele que “os meios técnicos são difíceis o bastante, mas maior dificuldade é aceitar, profundamente em nossas concepções, os valores de que eles dependem: que as pessoas comuns possam governar; que cultura e educação são questões comuns, ordinárias; que não há massas para salvar, capturar ou dirigir, e sim, em vez disso, uma multidão de pessoas que expandem suas vidas de maneira extraordinariamente rápida e confusa”. Sem mais, por favor, leiam!

 

TRILHA

RECURSOS DA ESPERANÇA, por Raymond Williams, Editora Unesp

*Lia Raposo dedica-se a Estudos da Cultura, é redatora de Projetos Culturais, Produtora de Conteúdo e jornalista. Tem 33 anos de muitas dúvidas, algumas certezas e esboços de ousadia. 

SABEDORIAS E SAPIÊNCIAS

AMOR QUE BATE À PORTA

Por Alim Amina

via Wikipedia

A Mila e eu andamos doentinhas estes dias. Já estamos espertas novamente. Como fiquei muito tempo sem escrever ela gentilmente me deu a vez, novamente. Coisa de amigas que se querem bem.

Nesta doentice toda, umas gripes e viroses muito incômodas e até assustadoras, rezei muito aos santos todos e fiz uma promessa a São Benedito, o santo da alimentação, protetor dos cozinheiros. Lembrei dele, do Dito, porque na doença, uma comidinha trazida por quem gosta da gente é capaz de curar, Senão de melhorar.

A bola da Mila, os biscoitos de limão da Mácita, a sopinha da Camilla, e hoje teve circuito do arroz de frango da Mácita, Abel e Sofia, com entrega em cada morada de convalescentes da família.  Sinceramente, amo muito tudo isso.

Sou fã desse São Benedito que inspira a vinha d’alhos preparada na véspera, cuida que o ponto da comida seja palatável à garganta doendo, que o sabor demonstre o afeto que tempera essa ração virtuosa.

Como diz Luzia Helena, nossa leitora e apoiadora aqui do Domingo à NOITE, amiga da turma há mais de três décadas, anima Osorada!

*Alim Amina, tem 81 anos, é professora formada mas nunca exerceu. Cearense, estudou em Portugal na adolescência e foi colega de colégio de Mila Marques. Reencontraram-se em Fortaleza, na década de 70, e retomaram a amizade até hoje. Dividem o espaço da Sabedoria dos domingos.

BACHIANAS E COMPANHIA

BEBER E COMER PODE SER UM ATO POLÍTICO?

Por Sérgio Pires

Ao longo da história da humanidade, durante muitos séculos a comida era apenas comida, assim como o vinho era apenas vinho. Com a melhoria nos métodos de criação de animais, na produção de alimentos e no controle dos métodos de cocção, a comida deixou de ser apenas para o sustento e passou a ser apreciada como um dos prazeres da vida, simbolizado nos grandes preparos culinários. E o vinho deixou de ser uma bebida exclusiva da nobreza para poder estar presente nas taças da população em geral.

 

Mais recentemente uma nova revolução ocorreu em relação à comida e às bebidas, ambas passaram a simbolizar filosofias de vida, posição política, atitudes éticas, preocupações ambientais e atitudes para uma vida mais saudável.

 

A segurança alimentar, meio-ambiente, pegada hídrica, tratamento do lixo, descarte dos resíduos, emissão de gases, cadeia de distribuição, origem orgânica ou biodinâmica, os movimentos por justiça social, saúde e cultura não são preocupações isoladas, são todas interdependentes.

 

O consumidor consciente entende que junto com todo produto ou serviço vêm uma cadeia preliminar relativa à sua elaboração, assim como outra relativa às suas consequências, sendo que ambas afetam a economia, a sociedade e causam impactos ambientais,

 

Vou repetir aqui a definição de consumidor consciente elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente:

 

“O consumidor consciente é aquele que leva em conta, ao escolher os produtos que compra, o meio ambiente, a saúde humana e animal, as relações justas de trabalho, além de questões como preço e marca.

 

Ele sabe que pode ser um agente transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo. Sabe, ainda, que os atos de consumo têm impacto e que, mesmo um único indivíduo, ao longo de sua vida, produzirá um impacto significativo na sociedade e no meio ambiente.

 

Por meio de cada ato de consumo, o consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade, maximizando as consequências positivas e minimizando as negativas de suas escolhas de consumo, não só para si mesmo, mas também para as relações sociais, a economia e a natureza.”

 

Cozinhar a sua própria comida não é mais apenas cozinhar a sua própria comida, passa a ser também um ato de resistência às industrias dos alimentos ultra processados. Cozinhar a sua própria comida reduz o lixo e a poluição. É um despertar da consciência coletiva.

 

Respondendo à pergunta do título deste texto. Sim! Comer e beber é um ato político, desde que tenhamos a oportunidade de escolha! E nos períodos em que temos a possibilidade de eleger novos dirigentes para nossas cidades, estados e país, assim como os parlamentares, é o momento de votarmos com o nosso prato de comida e com a nossa taça de vinho e de cobrarmos destes nossos representantes, assim como dos poderes públicos e das empresas produtoras, que cumpram todos os objetivos de um consumidor consciente.

APOIO ECOLOGIA
CURADORIAS

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Erika Bodstein (erika.bodstein) recebe Angelo Mendes Corrêa (@angelomendescorrea).

Angelo nasceu em São Paulo, SP, em 1967. É doutorando em Arte e Educação
pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), mestre em Literatura Brasileira pela Universidade
de São Paulo (USP), onde cursou bacharelado e licenciatura em Letras. Na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), cursou Direito e Jornalismo. Desde 1987 é
professor de Português, Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa, Teoria Literária e
Produção de Textos, nos níveis médio e superior. Começou no Jornalismo em 1985 e
colaborou na Folha de S.Paulo (S.Paulo,SP), Jornal da Tarde (S.Paulo,SP), Linguagem Viva
(S.Paulo,SP), São Paulo Review (S.Paulo,SP), Protexto (S.Paulo,SP), Revista de Literatura
Brasileira (S.Paulo,SP), Revista Bibliográfica e Cultural (S.Paulo,SP), Veredas (S.Paulo,SP),
Meiotom (Atibaia,SP), Verdes Trigos (Presidente Prudente,SP), O Boêmio (Matão,SP), Gazeta
do Rio Pardo (S.José do Rio Pardo,SP), Jornal de Letras(Rio de Janeiro,RJ), Arte de Fato(Rio de
Janeiro, RJ), Revista da Academia Mineira de Letras (Belo Horizonte, MG), A Semana
(Divinópolis, MG), Jornal da Cidade (Poços de Caldas,MG), Brand News (Poços de Caldas,MG),
Jornal da Associação Nacional de Escritores (Brasília, DF), Hoje em Dia (Brasília, DF), Opção
Cultural (Goiânia, GO), Portal Top Vitrine (Campo Grande, MS), Letra&Fel (Vitória,ES), Fronte
Cultural (Chapecó,SC), Diário da Manhã (Pelotas,RS), Verbo21 (Salvador,BA), Diversos
Afins(Ilhéus,BA), Correio das Artes(João Pessoa, PB), Alto Madeira (Porto Velho,RO) e Bom Dia
Europa (Luxemburgo). Coautor dos livros Um Poeta Brasileiro em Portugal; (Temas Originais,
Coimbra/Letra Selvagem, S.Paulo) e Tecendo Literatura: Entre Vozes e Olhares (Humanitas,
S.Paulo). Integra o Grupo de Pesquisa Arte e Formação de Educadores, que estuda as relações
entre arte e educação, no Instituto de Artes (IA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Ator bissexto, participou dos curtas-metragens Através dos Bosques e Os Sonhos, ambos do diretor Otávio Mendes.

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TIRINHA

SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA

desenho por Manuela Marques/Roteiro por Tuty Osório
APOIO SUSTENTABILIDADE
HISTÓRIAS DE STERI 10

DESPRENDE OS MEUS PÉZINHOS

Por Brigitte Bordalo*

Minha amiga Amália gosta de sapatos fechados. Mesmo no calor, prefere sapatilhas de lona, couro, o que for, a sandálias. Tem uns pés quase sem calosidades. Em compensação tanto abafamento no calçado traz uns odores aos pisantes.

 

Existem talcos, sprays, loções variadas para aplicar no próprio calçado. Outro dia, na falta por ter esquecido de comprar, Amália experimento o STERI 10 na sapatilha e não é que funcionou mais que a encomenda da intenção?

 

Passou a fazer isso, inclusive quando tem vontade de se descalçar e fica encabulada. Um esguicho dentro do sapato e foi-se o incômodo. Mais uma pra caixa de utilidades do STERI 10. Já, já, ganha do Bom Bril!

*Brigitte é microempresária da gastronomia e da cultura.

CREPÚSCULO

50 DOMINGOS COM

 

 Não vou mentir que não pensei que chegaríamos até aqui. Não só pensei como confesso que é de caso pensado. Quando começamos o DOMINGO à Noite foi para sempre. Não vamos arredar pé. É uma Ação de Vontade, Afeto e Criação. Enquanto houver vida nossa, estaremos aí. Agradeço a todos os apoiadores e leitores leais. Que dispensam tempo e um dinheirinho abençoado para dar energia ao trem. Agradeço também aos colaboradores na produção, em especial aos de primeira hora e que nunca falham. A quem acreditou sem vacilar. A quem permanece mesmo sem concordar com tudo. Está pela literatura, pela comunidade, não pelo ego. Destaque para os agradecimentos que faço todos os dias a minha mãe, Mila, e a minhas filhas Camilla e Manuela. Levar um barco com elas é a maior emoção. Eu não poderia ter recebido mais, nem melhor. Há muitas palavras, ainda bem, que poderei escolher e usar, para definir o meu amor por elas.

 

Obrigada companheiras e companheiros de audiência por estarem com a gente até aqui.

 

Tuty e Trupe

APOIO LUXUOSO

Em breve, bistrô saltimbanco